terça-feira, 26 de agosto de 2014

TERÃO SIDO PINTADAS POR SHUMAKER AS PINTURAS DOS QUADROS DOS ALTARES LATERAIS DA NAVE ?






Maria aos pés da Cruz - Quadro no altar lateral esquerda da Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Conselheiro Lafaiete - autor desconhecido.

Foto de Mauro Dutra de Faria



TERÃO SIDO PINTADAS POR SHUMAKER AS PINTURAS DOS QUADROS ALTARES LATERAIS DA NAVE?

Não há notícias concretas sobre quem pintou os quadros dos altares laterais da nave da matriz de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente estão nos altares, mas antigamente ficavam um de cada lado da porta da entrada. Nos altares ficavam,colocadas nos nichos, do lado esquerdo, a imagem de Nosso Senhor dos Passos e, à direita, a imagem de Nossa Senhora das Dores.

Eu ficava na dúvida: seriam também pintados por Shumaker? Não havia nenhuma referência escrita sobre isso. Até que o grande colaborador deste blog, Mauro Dutra de Faria, passou-me umas fotos de quadros de Guilherme Shumaker, que havia tirado na Igreja de São José, em Belo Horizonte.

Alguns detalhes me chamaram a atenção e a semelhança encontrada neles com detalhes das pinturas da nossa Matriz deu-me a quase certeza de que realmente os citados quadros da nave tenham sido pintados por Shumaker quando pintou a Via Sacra, os quadros do altar-mor e outros trabalhos citados em outra postagem, obras que entregou em 1915. As pinturas da igreja de São José foram terminadas em 1912.

No entanto, não sou especialista em Arte. Se alguém que acessar este blog for conhecedor de Arte, por favor, dê sua opinião.

O primeiro detalhe, como disse meu filho Antônio, é como se fosse uma assinatura do artista: a presença de florzinhas brancas, muito semelhantes, nos três quadros. Talvez flores do campo típicas da terra de onde veio: a Alemanha. O segundo, o estilo da pintura das pedras e também da vegetação. Sobre a vegetação observem também na postagem sobre os quadros da vida de São José nas paredes do altar-mor.

Primeiro observem o quadro de nossa Matriz no início da postagem.

Vejam, agora, esta pintura da Igreja de São José, em Belo Horizonte, pintada por Guilherme Shumaker:


Foto de Mauro Dutra de Faria

Também observem esta outra pintura da igreja de São José, em Belo Horizonte, também pintada por Guilherme Shumaker.


Foto de Mauro Dutra de Faria


Detalhes das fotos:

Matriz de Nossa Senhora da Conceição:


Foto de Mauro Dutra de Faria


Detalhes da Igreja de São José:


Foto de Mauro Dutra de Faria



Foto de Mauro Dutra de Faria


Que acham? Esta minha hipótese pode ser verdadeira?


Guilherme Shumaker veio da Alemanha. Mão encontrei, em Imagens, flores mais ou menos parecidas com as do quadro no Brasil, no chão e com caule. Mas na Alemanha encontrei estas:





Imagens da Internet


Não posso dizer que são exatamente iguais, mas semelhantes, sim. Poderiam ter vindo na inspiração do pintor, que estava longe da pátria e queria colocar uma lembrança de sua terra.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O PINTOR MAIS ANTIGO DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE






Imagem da Internet




O PINTOR MAIS DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE

Avelina Maria Noronha de Almeida



Na última restauração da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, foram retiradas muitas camadas de tinta, até chegar à primeira pintura, e ela foi respeitada, conforme declaração da restauradora, Rosângela Reis Costa. Assim, a visão que temos agora é das cores iniciais da nossa Matriz.

E o primeiro pintor, que usou aquelas cores, foi Ignácio Pereira do Amaral, pintor, escultor e ourives. Nasceu em 1698 na ilha freguesia das Angústias, na vila de Horta, ilha do Faial, nos Açores, de onde veio para o Rio de Janeiro e, depois para Ouro Preto, onde pintou a Igreja Velha do Rosário dos Pretos e uma imagem de São Jorge e também tinha uma fábrica de pintores.

Quando Teresa ainda era criança, Inácio mudou-se para a freguesia do Campo dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete). Ali, as testemunhas que o conheceram se lembraram dele como pintor, escultor e ourives e também por ter pintado a igreja da Matriz do lugar (a imagem no início desta postagem mostra a fachada atual da igreja com a mesma cor pintada por Ignacio Pereira do Amaral.




Porto Pim, Angústias, Ilha do Fayal, onde nasceu Ignacio Pereira do Amoral
Imagem da Internet


Vou transcrever a postagem de Roberto Belisário, embora longa, mas muito importante para a nossa história lafaietense, agradecendo aqui o historiador pelo grande presente que nos legou com sua pesquisa:



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Inácio Pereira do Amaral: Um artífice açoriano em Minas Gerais

Esta postagem é endereçada a historiadores da arte mineira do século XVIII.

Encontrei acidentalmente, em um documento no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (especifico a seguir), citações a um artista ou artífice de Minas Gerais (Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete) do século XVIII, Inácio Pereira do Amaral. Como não achei quase nenhuma referência à atividade esse senhor em nenhum lugar (por exemplo, não consta do "Dicionário de Artistas e Artífices dos Séculos XIX e XVIII em Minas Gerais", de Judith Martins, e no mecanismo de busca do site do Arquivo Público Mineiro só houve uma ocorrência, descrita mais abaixo), e como esses dados aparecem em uma fonte inesperada (um processo de ordenação sacerdotal de um neto do Inácio), creio que possa ser informação inédita. Então compartilho-a aqui para o caso de interessar a historiadores.

Sinopse da sua atividade de artífice: Sargento-mor Inácio Pereira do Amaral (N. 1698, Horta, ilha do Faial, Açores - F. Queluz, MG?) - Pintor, escultor e ourives. Teve uma "fábrica com pretos e rapazes pintores" em Ouro Preto, MG. Nessa cidade, pintou a Igreja Velha do Rosário dos Pretos e uma imagem de São Jorge. Em Conselheiro Lafaiete, MG, pintou a igreja da Matriz.

Abaixo, uma discussão sobre a fonte que consultei; um resumo biográfico; e trechos relevantes do documento consultado.

Índice:
O que são processos de genere
Resumo Biográfico
Documentos

Fonte: Processo de genere de Domingos Bento Salgado (Queluz, 1797 - no índice do arquivo e na capa do documento, consta "1777"). Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, armário 5, pasta 769 (Inácio Pereira do Amaral era avô materno deste Domingos Bento Salgado). As informações sobre as atividades de Inácio como artífice aparecem nos depoimentos de testemunhas que o conheceram. Vide seção "documentos" abaixo.


O que são processos de genere, vita et moribus:

Quando alguém se ordenava padre no século XVIII em Portugal e dependências, era preciso que passasse por três processos: um, para inventariar seu patrimônio, a fim de demonstrar que era suficiente para sua ordenação; dois, para assegurar a correteza de sua vida moral (moribus); três, para assegurar a "pureza" do seu sangue, ou seja, que era batizado e filho de pais casados e batizados e que não era descendente do que na época eram consideradas "raças infectas", nas palavras do formulário utilizado (negros, judeus, índios etc.). Esse terceiro processo, chamado processo de genere, era na verdade feito em estágios anteriores da ordenação. Ele possui informações riquíssimas para genealogistas, pois muitas vezes cita até os bisavós do habilitando (a maioria não era completa, pois a incúria para isso era grande na época).

Para extrair os dados necessários, eram enviadas requisições para os locais competentes para que estes enviassem cópias das certidões de batismo e de casamento do habilitando, de seus pais e de seus avós. Também, eram enviadas requisições para as paróquias onde o habilitando e seus pais e avós residiram, a fim de tomar depoimentos de testemunhas que o conheceram, arroladas pelos párocos locais. Esses depoimentos muitas vezes fornecem dados biográficos preciosos sobre os ancestrais do habilitando e às vezes sobre suas redes sociais. No documento que consultei, esses testemunhos informavam sobre algumas atividades de artífice do avô materno do habilitando, o açoriano Inácio Pereira do Amaral.

Os processos de moribus também possuem testemunhos, mas não tão ricos (em geral, apenas afirmam que o habilitando não é criminoso nem adúltero etc.). Os de patrimônio incluem cópias de diversos documentos, como de escrituras de terras; às vezes podem ser inferidas informações sobre o nível econômico do habilitando e de seus pais.

Os processos de genere feitos em Minas Gerais estão depositados no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Os processos de genere, de moribus e de patrimônio estão encadernados juntos para cada titular. A grande maioria está em relativo bom estado (muito melhor estado que os livros paroquiais de qualquer arquivo brasileiro, por exemplo). Podem ser consultados no local sem agendamento. Não há índice informatizado, apenas de papel, alfabético, constando nome do titular, local e data. Cobre os séculos XVIII, XIX e parte do XX. Fica aberto para pesquisa de segunda a sexta das 13:30 às 15:00. Endereço: Rua Direita, 102, Mariana, MG. Fones: (31) 3557-1237 ou 3557-1351 (pode-se confirmar estes dados aqui). Outra fonte muito usada por genealogistas que esse arquivo contém são os processos matrimoniais ou de dispensa matrimonial de toda Minas Gerais, além de livros de batismo, casamento e óbitos da região ao redor de Mariana. Próximo ao arquivo fica o arquivo da Casa Setecentista, com documentos civis da região (testamentos, inventários etc.).

Mais informações sobre processos de genere em: Villalta, Luiz Carlos. "A igreja, a sociedade e o clero". In: Resende, Maria Eugênia Lage de; e Villalta, Luiz Carlos (org.), História de Minas Gerais: As Minas Setecentistas, vol. 2. Belo Horizonte: Autêntica; Companhia do Tempo, 2007, pág. 25-57, especialmente pág. 25-28.


Resumo biográfico de Inácio Pereira do Amaral

O sargento-mor Inácio Pereira do Amaral nasceu em 22 de janeiro de 1698 na freguesia das Angústias, na vila de Horta, na ilha do Faial, Arquipélago dos Açores. Era filho do sapateiro Antônio Pereira e de Serafina Rodrigues, ambos também naturais da vila de Horta. Seus pais moravam no lugar chamado Porto Pim e tiveram pelo menos mais um filho além de Inácio, Francisco Pereira do Amaral.

Dos Açores, Inácio foi ao Rio de Janeiro e depois a Ouro Preto, em Minas Gerais, onde morou desde o início da década de 1730, pelo menos, e, como pintor, pelo menos desde o início da de 1740. Ali, morava na frente da Igreja Velha do Rosário dos Pretos (não confundir com a atual Igreja do Rosário) e teve uma "fábrica" (uma oficina de pintura?) onde trabalhavam "pretos e rapazes pintores".

Sobre seu ofício de pintor em Ouro Preto, testemunhas que o conheceram se lembraram, na década de 1790, de ele ter pintado a dita igreja Velha do Rosário dos Pretos e também uma imagem de São Jorge. Uma pequena amostra de um dos serviços menores que deviam povoar sua atividade ao redor desses outros mais notáveis aparece no Arquivo Público Mineiro, nos fundos públicos da Câmara Municipal de Ouro Preto, onde consta uma solicitação de Inácio Pereira do Amaral, datada de 18 de abril de 1744, "do pagamento de 35 oitavas e meia de ouro, referente à pintura de 12 varas para os almotacés e de 5 para os vereadores". Já sobre sua vida particular, a única coisa transmitida pelos testemunhos é que costumava ir na procissão do Corpo de Deus.

Em Ouro Preto, casou-se com Margarida do Nascimento (originária da mesma freguesia das Angústias nos Açores) e ali tiveram duas filhas: Maria do Ó, casada com o mercador Domingos da Silva Neves, e Teresa Angélica de Jesus, nascida em 19 de setembro de 1734.

Quando Teresa ainda era criança, Inácio mudou-se para a freguesia do Campo dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete). Ali, as testemunhas que o conheceram se lembraram dele como pintor, escultor e ourives e também por ter pintado a igreja da Matriz do lugar (a imagem no início desta postagem mostra a fachada atual da igreja).

Teresa casou-se em 6 de novembro de 1757 com o cirurgião português João Pinto Salgado (estes tiveram o filho João Bento Salgado, titular do documento consultado). Maria do Ó ficou em Ouro Preto com seu marido. Sobre essa família, veja-se também o título "Bento Salgado" de "Genealogias da Zona do Carmo", do cônego Antônio Trindade.


DOCUMENTOS

1) Certidão de batismo

Processo de genere citado, folha 55 (ver também imagem do assento original no site do Inventário Genealógico do Centro de Conhecimento dos Açores)

Livro de batismos de Nossa Senhora das Angústias, vila de Horta, ilha do Faial, Açores, folha três, verso:

Inácio, filho de Antônio Pereira do Amaral [no original no site acima, está escrito "Antônio Pereira, sapateiro"], natural da vila de Horta do Faial, e de sua legítima mulher, Serafina Rodrigues, natural desta mesma vila, fregueses desta paroquial de Nossa Senhora das Angústias, do lugar do Porto Pim, nasceu aos vinte e dois do mês de janeiro do ano de mil seiscentos e noventa e oito e foi batizado por mim, o padre André Godinho Ribeiro, cura desta dita paroquial de Nossa Senhora das Angústias, aos vinte e oito dias do mês de janeiro do mesmo ano de mil seiscentos e noventa e oito. Foram padrinhos Inácio Fichar, filho de Ambrósio Fichar, e sua mãe, Maria de Almeida, mulher do mesmo Ambrósio Fichar, fregueses da Matriz do Salvador, desta vila, e nela moradores. E, em fé de verdade, fiz este termo, que assinei com testemunhas presentes: Bernardo Pereira, mercador, e Manuel Furtado, fregueses desta paroquial. E[u], nos mesmos vinte e oito dias do mês de janeiro de mil seiscentos e noventa e oito, o cura Tomé Godinho Ribeiro.


2) Excertos dos depoimentos das testemunhas:

[folha 72v]

2.1) Depoimentos tomados em 9 de julho de 1796 na vila de Queluz, em casas de morada do reverendo vigário Fortunato Gomes Carneiro:

João de Medeiros Teixeira
Casado
Natural da freguesia de São Paio de Perelhal, termo ou Comarca de Bom Mor[?], Arcebispado de Braga.
Vive de sua agencia
76 anos
Morador nesta Freguesia
"[Conheceu] ao avô materno [Inácio Pereira do Amaral] com suas curiosidades de ourives [...] A razão que tem para disto saber é ser morador nesta freguesia há mais de 40 anos e de nela os conhecer [os pais e avós]"

Alferes José Pereira do Santos
Pardo
Solteiro
56 anos
Natural da freguesia de Ouro Branco
Morador nesta vila
Vive do seu negócio de fazenda seca
"[...] o avô, ouviu dizer que tinha muita habilidade e que pintara a Matriz desta Vila [...] A razão que tem para disto saber é que desde menino é morador nesta vila e nela os tem conhecido [...]"

Luis Ribeiro de Carvalhaes
Branco
Solteiro
Vive de seu ofício de ferreiro
73 anos incompletos
Natural da freguesia de São Pedro da Lomba, Bispado do Porto
"[...] Conheceu, moradores nesta vila, os avós maternos [...] e lhe parece a ele, testemunha, que ambos eram naturais das Ilhas [...]"
razão por saber: é morador antigo nesta vila

José Ferreira de Brito
Branco
Solteiro
Procurador da Câmara nesta Vila
Vive de sua agência
67 anos
"[...] Conheceu somente a avó materna, dona Margarida do Nascimento, morando nesta Vila, onde faleceu [...] E a razão que tem para saber é ser morador antigo nesta Vila e conhecer os pais do habilitando ainda solteiros; e disse mais, que ele, testemunha, é natural e batizado na Freguesia de São João da Cruz, Arcebispado de Braga, Termo do Porto[...]"

Diogo Duarte
Pardo casado
Natural e batizado na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Arraial das Congonhas do Campo, Bispado de Mariana
Vive de comprar e vender
56 anos
"[...] conhece o habilitando e os seus pais [...]"
[razão para saber:morador antigo na freguesia]

Luís de Almeida
Branco
Casado
Natural da freguesia de Santo Adrião de Vila de Óis da Ribeira, Bispado de Coimbra
Vive de seu negócio
74 anos
Conhece o habilitando e seus pais "e seu avô materno, o sargento-mor Ignácio Pereira do Amaaral; mal se entrelembra o conhecê-lo, porém conheceu muito bem a sua mulher, dona Margarida do Nascimento, e [sabe] que eram naturais das Ilhas [...] e o avô declarado com habilidade de escultor, pintor e ourives [...]"[razão de o saber: ser morador antigo nesta vila]

Jose Ribeiro de Carvalhaes
Branco
Casado
Natural e batizado na freguesia de São Pedro da Lomba, Bispado do Porto
71 anos
Vive de sua agência
"[...] E conhecera também os avós maternos [...] naturais das Ilhas, que tinha sido pintor segundo ouvira [...]"
razão para saber: ser morador antigo nesta Vila e vizinho da terra de seu pai [do habilitando]


[folha 46v]

2.2) Depoimentos de 15 de outubro de 1793 na vila de Horta, em casas de morada do ouvidor eclesiástico Francisco Inácio Xavier Whiton:

Antônia Margarida Teresa, viúva de Matias Corrêa, natural e morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ser de sessenta e sete anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu os avós paternos do habilitando, o sargento-mor Inácio Pereira e sua mulher, mas que o pai dela, testemunha, chamado Francisco Pereira do Amaral, se correspondia com ele em razão de serem irmãos; e que ouviu dizer ao mesmo seu pai que o dito sargento-mor, seu irmão, casara nas Minas com uma mulher natural da dita freguesia das Angústias, mas que não tem notícia dos seus ascendentes [...]

Antônio da Rosa, marítimo, natural e morador na freguesia das Angústias, de idade que disse ter de sessenta e nove anos [...] Disse que conheceu ao sargento-mor Inácio Pereira do Amaral, natural da freguesia de Nossa Senhora das Angústias, em cuja freguesia o conheceu sendo solteiro, assistindo na casa de seus pais; mas que não tem lembrança do que vivia o mesmo avô do habilitando, o qual se embarcou para o Rio de Janeiro; mas que não conheceu à sua mulher mencionada neste artigo.

Teresa Josefa, mulher de Pedro José, [palavra ilegível], morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, desta ilha, de idade que disse ser de sessenta anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu as pessoas mencioandas no artigo, mas que conhece algumas famílias com os cognomes de Pereira e Amaral, sem nota alguma que os inabilite passe o estado de sacerdotes [...]

Antônio Ferreira de Matos, natural e morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ser de sessenta e três anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu as pessoas mencionadas neste artigo, mas que tem ouvido dizer que o dito sargento-mor Inácio Pereira do Amaral era irmão de Francisco Pereira do Amaral, morador que foi neste freguesia, a quem ele, testemunha, conheceu; e era sujeito de boa nota, sem coisa alguma em contrário [...]

[Continuação dos depoimentos no dia 16]

Manuel José da Silveira, marítimo, morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ser de setenta e três anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu as pessoas mencionadas no artigo, mas que conhece algumas famílias com os cognomes Amaral, sem nota alguma no seu procedimento [...]

O reverendo padre José Antônio, clérigo subdiácono, natural e morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ter de sessenta e cinco anos, pouco mais ou menos [...] Disse que alguma lembrança tem de conhecer Inácio Pereira do Amaral, o qual era irmão de Francisco Pereira do Amaral, naturais da paroquial de Nossa Senhora das Angústias; e que o mesmo Inácio Pereira se transportou para o Rio de Janeiro no estado de solteiro e por isso não sabe com quem casou nem se lembra da ocupação que tinha [...]

Antônio Dutra, marítimo, morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ser de sessenta anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu ao nomeado Inácio Pereira do Amaral nem à sua mulher, mas que conheceu algumas famílias com os cognomes de Amaral, sem nota alguma na sua geração [...]

Pedro José Lopes, marítimo, morador na freguesia de Nossa Senhora das Angústias, de idade que disse ser de sessenta e sete anos, pouco mais ou menos [...] Disse que não conheceu o sargento-mor Inácio Pereira do Amaral nem sua mulher, mencionada neste artigo, mas que conheceu algumas famílias nesta vila com os cognomes de Amaral, sem nota, assim no seu procedimento como na sua geração [...]


[folha 64]

2.3) Depoimentos de 14 de julho de 1796 em Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, em casas de morada do reverendo Dr. José Álvares de Sousa, vigário da vara desta vila e seu termo:

Custódio Álvares de Aráujo
Natural do Arcebispado de Braga
De presente morador nesta Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto
Vive de seu ofício de carpinteiro
85 anos
"[...] Disse que haverá 56 anos que é morador nesta Vila Rica [...] Conheceu muito bem a Inácio Pereira do Amaral, casado com Dona Margarida do Nascimento, naturais das Ilhas e moradores defronte da Igreja Velha do Rosário; e haverá trinta para quarenta que se mudara aquela familia desta vila; e lhe consta que, tendo uma filha, saíra [com ela] pequena desta vila e que a casara no arraial dos Carijós com um cirurgião perlesa[?]; ignora o nome não só de sua sra. como do escolhido[?], por serem moradores fora desta vila [...]"

Jerônimo de Sousa Lobo
Natural do Bispado do Rio de Janeiro
De presente morador nesta Vila Rica na Freguesia do Pilar
Que vive do jornal e trabalho de seus escravos
70 anos
"[...] Conheceu muito bem nesta Vila Rica, haverá 60 anos, sendo ainda rapaz, ao Sargento-mor Inácio Pereira, [...] morador às portas do Rosário Velho dos Pretos da Freguesia do Pilar de Vila Rica, que vivia da sua arte ou ofício de pintor; e se lembra pintar a Igreja Velha do Rosário e que tem tindo[?] uma viva lembrança de pintar a São Jorge; que costuma ir à Procissão do Corpo de Deus, nesta vila; e lhe consta que tivera duas filhas, uma que a casara no Arraial de Carijós (nesse tempo; e hoje Vila de Queluz), que presume ser mãe do habilitando, e outra, nesta Vila, fora casada com Domingos da Silva Neves."

O capitão João Martins Maia
Natural deste Bispado de Mariana
De presente morador na Freguesia do Pilar desta Vila Rica
Vive de seu ofício de ceregueiro[?]
75 anos
"[...] Conheceu nesta Vila Rica, houvera 60 anos ou mais, o sargento-mor Inácio Pereira do Amaral, casado com uma mulher branca cujo nome ignora, morador que foi às portas do Rosário dos Pretos do Copunde[?] da Freguesia do Pilar desta Vila Rica; que vivia de ser pintor com a sua fábrica de pretos e rapazes pintores; e sabe mais, que tivera duas filhas e que conhecera muito bem a uma delas, chamada Maria do Ó, que fora depois casada com Domingos da Silva Neves, mercador, moradores que foram na paragem chamada Ouro Preto; e da outra irmã não sabe ele, testemunha, depois que se mudaram desta vila para o arraial de Carijós [...]"

Antônio Marques
Natural do Bispado de Angra [Açores]
Morador nesta Vila Rica na Freguesia do Pilar
Vive do jornal de seus escravos
78 anos

"[...] [conheceu] nesta vila, desde a era de 1751 anos, ao sargento-mor Inácio Pereira do Amaral, morador que foi na rua do Rosário dos Pretos da Freguesia do Pilar desta Vila, natural das Ilhas, casado, e que tinha familia; e vivia dos ofício de pintor; e que casara uma sua filha, cujo nome ignora, com Domingos da Silva Neves, que tinha a sua loja frenteira às casas do falecido Brás Gomes de Oliveira; e que o dito Amaral se mudara com a sua família para o arraial de Carijós [...]"

O Tenente Agostinho Soares
Natural do Arcebispado de Braga
Morador na Freguesia do Pilar desta Vila Rica
Vive de sua lavoura e lavras de minerar
81 anos

"[...] Conheceu o sargento-mor Inácio Pereira do Amaral, morador que foi no Rosario dos Pretos da Freguesia do Pilar desta Vila, casado, com família numerosa [...] vivia do seu ofício de pintor haverá 55 anos e que depois lhe constou mudar para o Arraial de Carijós com a sua família [...]"
Postado por Roberto Belisário às 8/02/2013 08:08:00 PM


O pintor Ignacio Pereira do Amaral é meu sexto avô. São descendentes dele, em Conselheiro Lafaiete, entre outros: um ramo da família Rodrigues Braga, a família Noronha, o ramo Franco a que pertence João Lúcio Franco, que foi presidente do Clube D. Pedro II e os Meirelles descendentes do Comendador Francisco Nemezio Nery de Pádua.



sexta-feira, 28 de março de 2014

PINTURAS DA NAVE DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE C ONSELHEIRO LAFAIETE






PINTURAS DA NAVE DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE




QUADROS DA VIA SACRA


NA PAREDE À ESQUERDA DE QUEM ENTRA:





Recorte de foto Mauro Dutra de Faria



NA PAREDE À DIREITA DE QUEM ENTRA:





Recorte de foto de Mauro Dutra de Faria



Os quadro da VIA SACRA,nas pardes laterais da nave, de um lado e do outro foram pintados por Guilherme Schumaker durante a reforma da igreja que foi concluída em 1915. O livro de orações que serviu de modelo era do padre Américo, vigário na época.Esse livro está na Biblioteca-Museu Antônio Perdigão (Arquivo da Cidade) de Conselheiro Lafaiete. Na reforma de 1960 foram restaurados e colocaram uma moldura dourada.



PINTURAS NOS ALTARES LATERAIS

Nos dois altares da nave existem belas pinturas. O autor das mesmas é desconhecido. Antes,naqueles altares ficavam as imagens de Nossa Senhora das Dores e do Senhor dos Passos, que, atualmente ficam nas sacristias. Essas pinturas ficavam, uma de cada lado, na parede onde está a porta principal.



NO ALTAR LATERAL À DIREITA DE QUEM ENTRA:




Foto de Mauro Dutra de Faria


A tela representa Nossa Senhora aos pés da Cruz, amparada por um anjo. Cristo é apenas sugerido pela paratae inferior da Cruz e pelo panejamento baloiçando ao vento. É de se ressaltar a bela distribuição de luz e sombra dando uma grande sugestividade a cena.
Até em pequenos detalhes o pintor quis dar realismo à cena, como nas gotas de sangue no chão e nas delicadas e alvas margaridinhas.



NO ALTAR LATERAL À ESQUERDA DE QUEM ENTRA:





Foto de Mauro Dutra de Faria



A tela representa Jesus em agonia no Horto das Oliveiras. Também a utilização de luz e sombra trazem grande sugestibilidade à cena. Nas roupas de Jesus, no chão, no céu. Principalmente no horizonte, com a suave cor rosa e o clarão amarelo sobre os montes.


NAS PAREDES ABAIXO DO CORO


Santa Cecília é padroeira dos músicos e da música sacra. Era cantora e tinha uma voz maravilhosa. Quando estava morrendo martirizada, cantou a Deus. Foi a primeira santa encontrada com corpo incorrupto, no ano de 1599, mesmo depois de muitos séculos de sua morte. Tinha um anjo protetor de sua virgindade e ouvia os anjos a cantar hinos de louvor ao Senhor, por isso Guilherme Schumaker, nas pinturas da parede sob o coro, pintou de um lado dois anjos cantando e, do outro lado Santa Cecília tocando um órgão.
Na mesma foto dá para ver um pedaço do teto com as pinturas das beiradas, reconstituídas na última restauração.




Foto de Mauro Dutra de Faria


NO LADO DIREITO DE QUEM ENTRA:?



Foto de Mauro Dutra de Faria


No lado direito de quem entra Schumaker pintou anjos, que tiveram muita importância na vida de Santa Cecília.


NO LADO ESQUERDO DE QUEM ENTRA:



Foto de Mauro Dutra de Faria


À esquerda de quem entra, a pintura representa a figura da mártir Santa Cecília, padroeira dos músicos e da música sacra.




sábado, 1 de fevereiro de 2014

QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ E DOS DOUTORES DA IGREJA NA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE








Foto de Mauro Dutra de Faria




QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ E QUADROS DOS DOUTORES DA IGREJA NA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE

Avelina Maria Noronha de Almeida



Na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete, nas paredes laterais próximas ao altar-mor, existem quadros da vida de São José, pintados por Guilherme Schumacher que, em 1912, concluíra as pinturas do transepto e do batistério da igreja de São José, em Belo Horizonte, antes de vir executar obras em Queluz durante a reforma executada no tempo de Padre Américo, as quais foram inauguradas em 1915.

Com a reforma da Matriz concluída em 2012, descobriu-se que esses quadros foram pintados por Schumacher em cima de pinturas anteriores, com o mesmo tema.

Havia algo que me implicava: em seu diário, D. Pedro II, que aqui esteve em 1881, disse que fora na Matriz a um Te Deum a ele dedicado, à noite, e escreveu o seguinte:

"Na capela-mor há pinturas que talvez não sejam más, porém a falta de luz não me permite vê-las bem".

Se os quadros foram pintados por Schumarcher (a grafia do sobrenome é assim mesmo) na primeira década do século XX, como D. Pedro II as veria em 1881? Era uma interrogação perturbadora.

Acontece que, durante a reforma recente, três dos quadros pintados por Schumacher tiveram que ser tirados por causa dos estragos. Com isso apareceram telas, embora com o mesmo tema, com as diferenças das épocas e do estilo dos artistas. São, certamente, três dos quadros vistos pelo Imperador.

Esses mais antigos, de acordo com a restauradora Rosângela Reis Costa, do Grupo Oficina de Restauro Ltda., são da primeira metade do século XVIII.

Houve um problema porque a ordem dos quadros foi alterada quando Schumacher os colocou de novo na moldura, por isso, com a restauração, ficou faltando o episódio de São José tendo seu lírio florido e sendo, assim, o escolhido, entre outros pretendentes, para esposar Nossa Senhora. Por isso ficaram na parede dois quadros do nascimento do Menino Jesus. Embora seja uma pena a perda de um quadro tão lindo como o do florescimento do lírio, ficou, para os estudiosos, uma oportunidade de comparação do mesmo motivo pintado por artistas distintos em épocas diversas.

Vejam que diferença de estilos. A pintura de Schumacher é romântica, leve, suavemente colorida, com diversas tonalidades. A pintura do artista desconhecido do século XVIII cujo nome, se Deus quiser, esperamos seja descoberto, é mais dramática, com poucas cores (aquelas que eram usadas naquela época e outros detalhes como figuras longilíneas, um estilo especial de rostos e mais sutilezas que só entendidos podem dar depoimentos.





Nascimento do Menino Jesus - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Nascimento do Menino Jesus - Pintura de Guilherme Shumaker - Princípio do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria


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Apresentação do Menino Jesus no templo - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Menino Jesus trabalhando com São José - Pintura de Guilherme Shumaker de princípios do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria






Encontro do Menino Jesus no templo entre os doutores - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Morte de São José - Pintura de Guilherme Shumaker de princípio do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria





VISÃO DA COLOCAÇÃO DOS QUADROS NAS PAREDES





Visão da colocação dos quadros nas paredes
Fotos de Mauro Dutra de Faria


Estes quadros da vida de São José são inestimável patrimônio artístico da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete



3 QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ PINTADOS POR GUILHERME SCHUMACHER EM PRINCÍPIOS DO SÉCULO XX E QUE FORAM ESTRAGADOS PELAS GOTEIRAS. SENDO RETIRADOS, APARECENDO DEBAIXO DELES OS QUADROS DO SÉCULO XVIII.

No primeiro quadro,quando Maria tinha quatorze anos e vivia no Templo, o sumo-sacerdote reuniu todos os homens descendentes de Davi que estavam em idade de casar e entre eles, embora mais velho estava São José. Todos deveriam trazer um ramo e o dono daquele que florescesse é que se casaria com Maria. Quando José colocou o ramo sobre o altar ele floriu e, assim, são José foi o escolhido para se casar com a Virgem Maria.

No segundo quadro é focalizada a procissão que, no casamento judaico,é formada no início da cerimônia para a entrada do rabino, dos anciãos da família, do noivo e de seus pais. Depois é a entrada da noiva e de seus pais. No ano de 1992, quando foi feita a foto, o quadro já estava um pouco deteriorado.

O terceiro quadro focaliza quando Nossa Senhora e São José, depois de três dias de busca, encontram o Menino Jesus pregando no templo, sentado entre os doutores.




São José com o ramo de lírio florido
Acervo pessoal





Procissão do casamento de São José com a Virgem Maria

Acervo Pessoal




Menino Jesus pregando no templo

Acervo pessoal.



QUADROS DOS DOUTORES DA IGREJA






Imagem da Internet


Na Igreja Católica, Doutores da Igreja são homens e mulheres que manifestaram grande santidade, grande saber teológico e que, com seus escritos, pregações e modo de viver enaltecendo do cristianismo.

Os quatro maiores Doutores da Igreja são S. Ambrósio, S. Agostinho, S. Jerônimo e S. Gregório Magno.

De acordo com a gramática, o adjetivo "Santo" é usado antes dos nomes de santos que começam por vogal ou “h” mudo e "São" para os que se iniciam com consoante.



VISÃO DA COLOCAÇÃO DOS QUADROS NUMA DAS PAREDES





Foto de Mauro Dutra de Faria




PRIMEIRO QUADRO NA PAREDE À ESQUERDA DE QUEM ENTRA

SÃO GREGÓRIO MAGNO




Foto de Mauro de Faria Dutra



São Gregório, o Grande, nasceu em Roma em 540. Foi o 64º papa da igreja católica e chamado de "Magno", ou seja, o maior de todos em sabedoria, inteligência e caridade.

Foi eleito papa em votação unânime mas escreveu ao Imperador de Constantinopla que não confirmando sua eleição pois não queria assumir o papado.O Imperador não o atendeu e, por isso, fugiu para não ser coroado Papa. Porém, para onde ele ia uma luz milagrosa apontava seu esconderijo. Governou a Igreja como Papa até 604.

Tinha muita preocupação com os pobres, que eram numerosos em Roma naquela época de decadência, e mandava que lhes fosse distribuída comida diariamente. Todos os dias 12 necessitados eram convidados à sua mesa, e ele mesmo fazia questão de servi-los. Pregava o reto uso dos bens materiais. Dizia:

“Possui como se nada possuísse aquele que ajunta todas as coisas necessárias para o seu uso, mas prevê cautamente que logo as há de deixar. Usa deste mundo como se não usasse aquele que dispõe do necessário para viver, mas não permite que nada disso domine o seu coração, para assim estar a serviço do bom andamento da alma, que tende para coisas mais altas”

São Gregório era tão humilde que adotou o título de “Servus Servorum Dei”, expressão latina que significa "Servo dos Servos de Deus" para demonstrar humildade e referir-se ao papel do Papa para servir os bispos do mundo. Esse termo é usado referindo-se ao papa no início das bulas pontifícias.

É o responsável pela divulgação do tipo de música que é hoje em dia conhecido como canto gregoriano. Deixou extensa obra escrita, incluindo sermões e comentários sobre a Bíblia. Foi ele que introduziu o Pai-Nosso na missa.

É comemorado no dia 3 de setembro, aniversário de sua consagração episcopal em 590, considerado, no Brasil, o padroeiro dos biólogos.

Está representado no primeiro quadro do lado direito do altar, sobre o quadro do Nascimento de Jesus, de autor desconhecido. Considero que fez um dos maiores benefícios feitos ao culto católico porque tornou o Pai-Nosso presente em todas as missas, levando os fiéis a expressar a glória que se deve a Deus, o desejo de que ele impere entre nós, a aceitação da vontade de Deus, o pedido de alimento, de perdão dos nossos pecados e a necessidade de perdoarmos ao próximo, o pedido de nos afastar da tentação e de nos livrar do Mal. É a oração perfeita, ensinada por Jesus Cristo. Se você ainda não prestou atenção ao quadro que o representa, lance a ele um olhar de admiração pela vida santa que aquela efígie representa.



SEGUNDO QUADRO NA PAREDE À ESQUERDA DE QUEM ENTRA



SÃO JERÔNIMO





Foto de Mauro de Faria Dutra



São Jerônimo nasceu na Dalmacia (Iugoslávia) no ano 342, conhecido sobretudo como tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim. conhecido também por defender o Dogma da Virgindade Perpétua da Virgem Maria. É apresentado, no quadro desta matriz, com um livro e uma caneta, vendo-se no chão um crânio humano, lembrando ao homem de carne e osso que o tempo tudo destrói.

Devido a seu temperamento e suas tendências foi para o deserto fazer penitência de seus pecados, rezando muito, com jejuns rigorosos, sem dormir e quase chegou a falecer por isso, mas não conseguiu paz descobrindo que sua missão era junto às pessoas. Foi, então, para Constantinopla, onde se encontrou com São Gregório, convertendo-se com seus sermões e descobrindo o caminho do amor pelo estudo das Sagradas Escrituras

São Jerônimo faleceu em Belém, para onde fora em 386, ali permanecendo até o fim de sua vida como monge, fazendo penitência e estudando, continuando as traduções bíblicas. Faleceu no de 420, próximo à gruta da Natividade. É o padroeiro dos bibliotecários, dos tradutores, dos secretários e de todos os estudiosos da Bíblia. No dia 30 de setembro, aniversário de sua morte, comemora-se, no Brasil, o Dia da Bíblia.

É o padroeiro dos bibliotecários, dos tradutores, dos secretários e de todos os estudiosos da Bíblia. No dia 30 de setembro, aniversário de sua morte, comemora-se, no Brasil, o Dia da Bíblia.




PRIMEIRO QUADRO À DIREITA DE QUEM ENTRA

SANTO AMBRÓSIO





Foto de Mauro Dutra Faria


Santo Ambrósio de Milão nasceu em Trier, Alemanha, em 340. Recebeu o título de “Língua de Mel” pelo tom de sua voz, pela sua eloquência e pela sabedoria na escolha das palavras. Foi chamado de “O apóstolo da Amizade”. Santo Agostinho era um dos seus ouvintes frequentes e foi convertido por ele.

De acordo com uma lenda, quando era criança, um enxame de abelhas pousou em seu rosto quando estava deitado no berço e deixaram para trás uma gota de mel. Outra versão diz que as abelhas começaram a voar sobre a criança, algumas entrando e saindo de sua boca. Após alguns instantes, as abelhas saíram pelo mesmo caminho em que vieram. Seu pai interpretou o fato como um sinal da sua futura eloquência. De fato, seu discurso agradável, doce e cativante, o que levava a dizerem que tinha uma "língua de mel" e por várias vezes comparou as virgens às abelhas.

Pelo apelido que recebeu, usam abelhas quando o representam em quadros e outros símbolos que indicam sabedoria. No quadro que está na parede à direita do altar-mor, próximo ao altar, Santo Ambrósio é representado com uma colmeia no chão, a seu lado, trazendo numa das mãos um livro e, na outra, uma pena de escrever.

Devido ao apelido associado a abelhas e a seus produtos, é venerado em Milão como padroeiro dos que trabalham com abelhas e dos fabricantes de cera e candelabros, sendo comemorado no dia 7 de dezembro, data em que, no ano de 374, foi aclamado bispo de Milão pela população.

Uma frase muito bonita de Santo Ambrósio é: “Ninguém cura a si próprio ferindo o outro.”

Faleceu em Milão, em 4 de abril de 397, uma Sexta-Feira Santa.






SEGUNDO QUADRO À DIREITA DE QUEM ENTRA

SANTO AGOSTINHO



Foto de Mauro de Faria Dutra




Aurélio Agostinho (do latim, Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho nasceu em 354 d.C. em Tagaste na Argélia. Morreu em 28 de Agosto de 430, em Hipona, na Argélia). Foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Escreveu diversos sermões importantes.

Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. É dele a frase: "Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti."

S. Agostinho, como São Expedito e outros santos, falam , em suas pregações, sobre o abominável corvo do “cras”, significando o diabo e seus adiamentos. Isso acontece com o pecador que vive dizendo: “Amanhã me converto, amanhã me converto. Ele mesmo adiou por muito tempo sua conversão. Ele disse em um sermão: “Irmão, não fique adiando sua conversão. Há aqueles que ficam protelando e cumpre-se neles a voz do corvo: ‘cras, cras’. [...] Até quando ficarás no cras, cras...? Atente para teu último cras. Não sabes quando será teu último cras.” E em outro sermão: “Os pecadores devem corrigir-se enquanto vivem. A morte vem de repente e ninguém poderá converter-se. Quando será nossa última hora, não o sabemos. Quem fica dizendo "cras, cras", torna-se corvo: vai e não volta (como o corvo da arca de Noé), nunca se converte.”

Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos e impressores e comemorado no dia 28 de agosto, dia de sua suposta morte.


MINHA HOMENAGEM A GUILHERME SCHUMACHER QUE,COM SEU GRANDE TALENTO ARTÍSTICO, SOUBE TRAZER TANTA BELEZA À MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS




sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MARCOS VINICIUS - TRAJETÓRIA DE MUITO SUCESSO - ELE TAMBÉM É UM POUCO NOSSO










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MARCOS VINICIUS - TRAJETÓRIA MUSICAL DE MUITO SUCESSO

ELE TAMBÉM É UM POUCO NOSSO

...suas raízes estão também honrando nosso solo.

Avelina Maria Noronha de Almeida



É muito comum ouvir-se a expressão “Prata da Casa”, mas prefiro falar “Ouro da Casa, quando falo de alguma pessoa de Lafaiete que se destaca pelo seu talento ou realizações importantes. Embora o focalizado nos próximos artigos seja “Ouro da Casa” de Congonhas, nossa cidade irmã porque a criação da Real Villa de Queluz foi fruto da solicitação do povo de Carijós, Congonhas e Itaverava, ele é também um pouco nosso.





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Marcos Vinicius nasceu no dia 17 de outubro de 1961 em Congonhas, mas sua mãe, Celi, é lafaietense assim suas raízes estão também honrando nosso solo. Se já temos raízes de Tom Jobim na distante Carijós, pois sua quinta avó, Luzia Rita da Esperança, nasceu em Carijós (antigo nome de Conselheiro Lafaiete) onde foi batizada em 23 de novembro de 1732, mais recentes e fortes são as raízes de Marcos Vinicius.

Celi, sua mãe, foi minha colega de escola. Filha do Sr. Cardoso, morava no Prado, um pouco antes da Praça da Bandeira. Quando seu pai faleceu, mudou-se para a casa dos avós maternos, duas casas abaixo de minha residência. À noite, eu costumava ficar com algumas vizinhas sentada nuns degraus que havia defronte minha casa. Víamos quando o namorado da Celi ia embora e ela ficava olhando enquanto ele descia a rua. Ao chegar na confluência de nossa rua com a rua Luiz Leite, ele se voltava e dava um adeus para ela. Eu achava isso muito romântico e bonito. Formavam um belo casal. Depois eles se casaram e ela se mudou para Congonhas, onde ele residia. Ali nasceu o Marcos Vinícius. Este introito foi só para vocês sentirem como o grande artista está ligado à nossa cidade.

Só uma ligeira apresentação sobre a importância do célebre violonista, que tem alcançado um enorme sucesso entre o público e a crítica e muito premiado utilizando a Internet:

O Presidente da "Accademia della Chitarra Classica di Milano" e Diretor Artístico do "Music Arts – Festival Internazionale di Legnano", Itália, Marcos Vinícius, foi incluído em um dos mais importantes dicionários de violonistas do mundo, o "Guitar&Players" publicado pela Ashley Publishing C.o, de Londres.

Mais outra informação na mesma fonte:

Marcos Vinícius foi o representante brasileiro no "II Internacional Guitar Festival" (Polônia) e, na Itália, apresentou-se no "Festival Internazionale Chitarristico Bustese", além de ser o concertista convidado para o famoso evento "Festa Internacional da Música". Ele foi convidado para a temporada de concertos do Konsert Resit Rey Concert Hall de Istambul, ao International Music Festival de Stresa (Italia). Participou do Festival Internacional de Guitarra de Irun e no International Guitar Festival di Aranda (Espanha) e ao importante St. John’s Smith’s Square, de Londres.

O nosso focalizado é chamado de "O Mágico das Seis Cordas".

Marcos Vinicius, iniciou sua carreira de concertista com a idade de 14 e, desde então, ele ganhou um crescente sucesso de público e crítica, tocando nas mais prestigiadas brasileiras e centros culturais europeus e depois em todo o mundo.





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Numa entrevista para o blog “Arte Brasil”, o violonista radicado na Itália, faz um depoimento sobre o seu início na música, e conta com muita espontaneidade e sensibilidade como tudo começou. Quando completou um ano de idade sua mãe, em suas palavras professora mas uma artista na confecção de doces e salgados, distribuíra entre as crianças presentes um bonequinho segurando um violão. Interessante coincidência! Aos oito anos, como em Congonhas todos se conhecessem, sua mãe permitia que fosse para a aula e depois voltasse para casa com um grupinho de colegas.

Vou deixar que ele mesmo conte o restante:

Um dia porém, ao retorno minha mãe não me viu entre os meus coleguinhas e obviamente se preocupou. Assim, resolveu fazer o percurso que fazíamos e me encontrou, parado e hipnotizado com um violão pendurado em um negócio que vendia de tudo... menos violão e que se encontrava na mesma rua onde passávamos para irmos à escola. Mas aquele violão era ali e, por sorte, o proprietário era amigo de meu pai, me conhecia, e não se importou com a minha presença mas ao mesmo tempo alertando-me da preocupação que estaria provocando à minha mãe. Enfim, minha querida mamãe encontrou-me e o proprietário disse:

"...Dona Celi, este menino está aí há vinte minutos e não descola o olhar do violão".

Naquele exato momento – penso que Deus colocara Suas mãos sobre a cabeça de minha mãe – que com dificuldades financeiras pela improvisa morte de meu pai aos 36 anos, comprou o violão para mim em prestações.”

Até hoje, todas as vezes que toco penso naquele dia sagrado para mim. Marquei este momento também depois de anos, dedicando à minha mãe meu CD "Viola ...Violar", bem como minha composição Midnight Valse publicada na Espanha. Assim começou minha trajetória. E’ difícil contar todos os fatos ou mesmo aqueles principais da própria vida porque são tantos. Porem, gostaria de deixar esta mensagem aos leitores e amigos: a fé, a força de vontade, determinação e disciplina unidos à flexibilidade como ser humano è o melhor modo para se conseguir um lugar ao Sol. As dificuldades existem...mas para seguirmos adiante...e nao para retornarmos atrás. Nao desçam do trem antes da próxima estação." Marcos Vinicius

Marcos Vinicius pode dar este conselho, pois suas palavras traduzem realmente como tem conduzido sua prolífera e brilhante existência.

Na referida entrevista, nosso focalizado conta que, depois daquele episódio na loja, que levou sua mãe a comprar o violão (tinha oito anos) começou a tocar em casa “trocando os dedos sem saber o que estava fazendo, mas admirado com os sons.” Um irmão da doméstica que trabalhava na casa de sua mãe tocava violão e ensinou a ele os primeiros acordes. No Colégio Piedade, de Congonhas, onde foi estudar, Irmã Crescência ensinou-o a tocar o violão clássico.

Morando em cidade pequena, encontrou muitas barreiras. Ele diz como reagiu diante delas: “[...] o dom estimula muito. Você encontra barreiras, mas é como se elas não existissem, você quer superá-las sempre.”





Belo Horizonte foi uma cidade significativa na vida do músico

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Com 14 anos, ele foi para Belo Horizonte residir com uma tia. Fez prova no conservatório, passou, entrando no terceiro ano. Ao tocar no casamento de uma prima, despertou a admiração do diretor de uma empresa importante o qual lhe deu um emprego, com isso dando uma estabilidade à sua vida.

Mesmo já conseguindo vencer na sua caminhada, não se satisfez com o alcançado. São muito bonitas as palavras com que ele traduz o que sentia e pensava naquela etapa de sua vida:

“[...] eu sempre achava que a estrada era muito pequena, eu queria sempre mais. Até hoje, eu não acho que o sucesso seja o ponto de chegada e sim uma via. Tem um começo mas não um fim. É ruim você ver muitas pessoas que param por achar que chegaram, se acomodam e ficam estagnadas.”

Ele não caiu na estagnação, procurando sempre oportunidades. “Me chamavam pra tocar, e eu ia. Se não me chamavam, eu ia também (risos).” Um dia pensou em promover um concerto no seminário do Sagrado Coração Eucarístico, em Belo Horizonte, em frente ao qual sempre passava. Entrou um dia, conversou, marcou um concerto. Há uma frase, da qual não me lembro direito, nem do seu autor, expressando o pensamento de que o universo conspira a favor da pessoa quando ela deseja muito uma coisa. Naquele concerto do seminário estava um missionário italiano, residente no Brasil havia alguns anos. Não é que o missionário pediu o currículo dele e convidou-o para estudar na Europa? Depois de seis meses, o jovem mineiro pisava em solo europeu. Foi assim que ele chegou onde sua carreira atingiria grandes alturas.




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“Foram tantos os momentos difíceis; tantos momentos de falta de coragem, de medo em não conseguir. Mas foi nestes momentos que percebi que a força se encontra no homem e não somente no artista. Vencendo momentos difíceis percebi também que o acreditar nas proprias possibilidades é a maior riqueza que podemos ter dentro de nós.”

“Além do seu virtuosismo, Marcos Vinicius nos permite ouvir os sons poéticos
escondidos nas cordas desse instrumentomaravilhoso.” Richard Chailly –
Diretor do Concertgbouw Royal – Amsterdam – Holland




National Symphony Orchestra of Ukraine
Viktoria Zhadko
Conductor
Concerto in A Major, op.30 n°1/Concerto for Guitar and Small Orchestra
Mauro Giuliani/Heitor Villa-Lobos
Marcos Vinicius
Guitar
20.05.2012 - 07.
With support from Brazilian Embassy in Kiev 00pm - Lisenko Hall - Kiev

Arquivo pessoal


Antes de continuar a focalizar a trajetória de Marcos Vinícius Cardoso Braga, mostrei, acima, uma das recentes apresentações do grande violonista, que foi em Kiev, com apoio da Embaixada Brasileira em Kiev.




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Kiev, uma bela cidade, é a maior cidade e capital da Ucrânia e uma das mais antigas cidades da Europa, com lindas construções, entre elas a Catedral de Santa Sofia e o Mosteiro de São Miguel com suas deslumbrantes Cúpulas Douradas.

A Ucrânia era uma das quinze repúblicas que formavam a União Soviética, tornando-se independente a partir da dissolução daquele império. Foi lá que nasceu a grande escritora da literatura brasileira, Clarice Linspector. É um importante centro cultural da Europa eslava e uma coisa muito importante é que, para a cultura nacional ucraniana, a cultura do povo é um elemento fundamental e básico.

Pois nessa cidade tão cultural, onde já se havia apresentado anteriormente, Marcos Vinicius é considerado e aplaudido como um dos mais importantes violonistas do mundo.

Continuando a falar sobre o início da carreira de nosso focalizado, vejamos o que ele mesmo responde ao entrevistador da revista Revelação quando este lhe perguntou como havia encontrado o estilo preferido para tocar no instrumento.

Ele respondeu:

– Uma vez me chegou em mãos um LP chamado “Vinte e sete horas de estúdio”, do grande violonista Badden Powel. Uma das coisas mais lindas que eu tinha escutado até aquele comomento. Depois desse dia, eu colocava o disco todos os dias e tentava tocar exatamente o que ele fazia. Algumas coisas eu consegui, outras não. Depois de um ano eu ouvi o grande André Segóvia tocando Bach. Quando eu o ouvi, disse: é esse o violão que eu quero. Daí, com 14 anos, eu fiz meu primeiro concerto com as músicas que eu sabia tocar e que eu tinha aprendido a tocar com as partituras.”

Com dezesseis anos, Marcos Vinicius recebeu o “Diploma de Honra” do Departamento Cultural de Congonhas e, em 1984, ganhou o importante “National Musical Villa Lobos Concurso”. Em 1987, foi o melhor guitarrista dos Master Classes escolhidos por Oscar Ghiglia e recebeu o “Diploma de Mérito” da Academia Musical Chigiana de Siena.

É formado como “Professor de Guitarra Clássica na Cadeira Superior” na Universidade do Estado do Brasil e é frequentemente convidado como professor e concertista por importantes conservatórios brasileiros, como o Recife Conservatório de Música e a Escola de Música Alta da Universidade Federal de Minas Gerais.

Digo sempre a meus alunos: se quiserem ser grandes artistas
por favor procurem primeira serem grandes homens.
Marcos Vinicius.

Marcos Vinicius reside na Itália onde, por vários anos, ocupou o cargo de Presidente da Academia Clássica de Milão.

No Brasil, apresentou-se como solista com as Orquestras Sinfônicas de Minas Gerais e de Pernambuco. Em 1992 recebeu o título de “Solista do Ano” por sua atuação como solista, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, tocando o famoso “Concierto de Aranjuez”, de Joaquin Rodrigo, o músico espanhol que sobreviveu a um surto de difteria mas ficou como sequela a perda total de visão. Segundo Joaquin, esse fato o conduziu à música, tornando-se um dos expoentes máximos da música espanhola.

No dia 19 de julho de 2013, por ocasião do XVIII FESTIVAL DE INVERNO DE CONGONHAS, Minas Gerais, sua terra natal, Marcos Vinícius se apresentou na igreja São José.

Em relação ao músico espanhol, conta Marcos Vinicius quando lhe perguntaram, numa entrevista ao “Instituto Cultural Arte Brasil”, sobre os concertos que marcaram sua vida:

“ – Difícil dizer qual ou quais os concertos memoráveis para mim, pois cada um tem sua magia e seus momentos inesquecíveis. Recordo-me, porém, um em particular quando no camarim veio dar-me os parabéns a filha de Joaquin Rodrigo, que estava muito feliz pelo modo como tinha interpretado as obras de seu pai. Convidou-me, então, a passar uma tarde com Rodrigo, realmente um momento inesquecível e tão importante.

O nosso focalizado já se apresentou em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. Lembro-me de que ele tocou em uma festividade da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, quando era presidente Alberto Libânio Rodrigues.

Recentemente apresentou-se em Congonhas



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No exterior, citando apenas alguns países em que realizou concertos com importante sucesso: Itália, Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, Finlândia, Belgrado, China, Turquia, Suíça, Áustria, Sérvia, Israel e Polônia, país em que representou o Brasil no Festival Internacional de Guitarra. Entre suas performances mais importantes, podem-se citar atuações nas comemorações dos 10.000 anos cidade de Jericó – a cidade mais antiga do mundo – e também no Edifício Central da ONU, em Nova York.

Obras de Marcos Vinicius, citadas por ele mesmo na entrevista já citada:
Transcrições e revisões são inúmeras e já publicadas mas algumas ainda por serem elaboradas para as editoras. Composições originais penso aproximadamente 30, incluindo aqui aquelas dedicadas aos jovens violonistas e que se encontram dentro de coletâneas. Obras de grande porte, isto è, para concertistas posso relacioná-las:

The Awakening of the Wizards, Serrado, Galope, Preludio et Danse, Senhor do Bonfim, Le vent à Charlevoux, Africana e mais recentemente e já publicada Ararat, estas para violão solo. Para violão e violino/flauta Les fleurs de mon Jardin; para duo de violões Along the River e para quarteto de violoes Walking Together e Mis manos...mi corazòn, uma homenagem ao encanto da cultura peruana.

Ele é frequentemente convidado para programas televisivos e radiofônicos em todo o mundo como o CCTV9 asiático, italiano Rai Radiotelevisión, Rádio Vaticano, Rádio FM Concerto no Paraguai (que tem dedicado uma noite inteira para sua carreira), e suas gravações estão em trilhas sonoras de músicas clássicas das mais importantes linhas europeias.

Sua discografia é composta de quatro CD’s: "Dedicatoria", "My Hands…My Soul", "Marcos Vinicius, Guitar Recital" e "Leyendas" vem recebendo as mais importantes críticas de revistas especializadas em música, dentre as quais "Amadeus" a prestigiosa revista italiana de Musica.

Para concluir, algumas críticas sobre o nosso focalizado:

“…Marcos Vinicius, virtuoso da guitarra que se assemelha a Liszt”.
Mario Bertasa – “L’Eco di Bergamo” – Italy

"... Além de seu virtuosismo, Marcos Vinicius nos permite ouvir os sons poéticos escondidos nas cordas desse instrumento maravilhoso." Riccardo Chailly – Diretor do Concertgbouw Royal – Amsterdam – Holland

"... Marcos Vinicius redefine as regras da música"Dean L. Farley – EUA

"... Marcos Vinicius acaricia os sons musicais e frases com leveza onírica e precisão dialógica." Antonio Brena - "Amadeus" - Itália


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

CELEBRANDO A VIDA E HOMENAGEANDO UM GRANDE CIENTISTA LAFAIETENSE








Dr. Álvaro Lobo Leite Pereira
Recorte de ilustração da reportagem do jornal Estado
de Minas "Família retira tesouro mineiro de velhas malas".



CELEBRANDO A VIDA E HOMENAGEANDO
UM GRANDE CIENTISTA LAFAIETENSE

Avelina Maria Noronha de Almeida


(Texto escrito no ano de 2008)



“Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional.”

Agatha Christie (1890-1976), inglesa, a mais famosa escritora de romances policiais de todos os tempos.

“Felicidade é a certeza de que nossa vida não está passando inutilmente.”
Érico Veríssimo (1905-1975), nascido em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, é uma das maiores expressões da literatura brasileira.

“Mais vale salvar uma vida humana do que construir um pagode de sete andares”
Provérbio chinês.

A Campanha da Fraternidade do ano de 2008 teve, como tema, FRATERNIDADE E DEFESA DA VIDA, pregando que defender a vida é uma obrigação de todos. Uma das mais importantes maneiras de proteger a vida está na dedicação dos cientistas em sua missão de zelar pela saúde, lutando para salvar a vida das pessoas.

Marie e Pierre Curie quando, em 1998, descobriram o elemento químico rádio, trouxeram a oportunidade de cura para uma imensidade de pessoas acometida de graves doenças.

Alexander Fleming, pesquisando incansavelmente um antídoto ideal contra micróbios, extraiu do mofo a penicilina, em 1928, descobrindo a preciosa droga salvadora de vidas. Sem ela a tuberculose continuaria sendo um flagelo para a Humanidade.

Os estudos obstinados de Vital Brazil Mineiro da Campanha, mais conhecido pelos dois primeiros nomes, levaram à descoberta do soro antiofídico em 1903 e, por isso, uma picada de cobra deixou de ser fatalidade que levava à morte ou ao aleijão. O mesmo cientista ainda descobriu outros soros contra animais peçonhentos.

Edward Jenner, médico inglês, descobriu a vacina contra a varíola, que passou a ser empregada a partir de 1798. A varíola era uma das mais graves doenças que grassava pelo mundo e, com a vacina, praticamente foi erradicada do nosso planeta.

Quando Pasteur, em seu laboratório em Paris, descobriu a vacina anti-rábica, no ano de 1881, mudou uma terrível realidade. Até então, todos que eram mordidos por cães raivosos estavam condenados à morte.

Outros grandes homens lutaram contra moléstias terríveis, como John Snow, que em Londres, em meados do século XIX, combateu a cólera, que afetava a cidade. Oswaldo Cruz, o grande sanitarista, desenvolveu no Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o século XX, uma luta tão difícil contra o mosquito da febre amarela que provocou até, em 1904, a eclosão da Revolta da Vacina. O valoroso médico não se intimidou e terminou vitorioso.

Mas quero falar mesmo é de um MÉDICO LAFAIETENSE, DR. ÁLVARO LOBO LEITE PEREIRA, que desenvolveu importante trabalho científico sobre o bócio endêmico.

Lembro-me muito bem dele... Foi nos primeiros anos da década de 40, quando eu cursava o primário no Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”. Duas vezes por semana, a garotada ficava ansiosa pela hora do recreio, principalmente eu que era bem gulosa... É que ali aparecia um homem alto, moreno, um médico. Ele nos dava duas balas, quadradas, avermelhadas: balas de iodo, com sabor de baunilha. Uma delícia!...

Contou a grande amiga Martha Faria Fernandes que essas balas eram fabricadas na Fábrica de Balas de seu pai, o Barão, como era chamado o Henrique Nogueira de Faria.

A fábrica se localizava à rua Assis Andrade, 359, ao lado da casa da família Salgado, das célebres Violas de Queluz. Naquele tempo, não havia na região outras fábricas de bala. Assim, o Barão abastecia não apenas a nossa cidade como localidades próximas.

A indústria funcionava num lugar agradável, pitoresco, com suas enormes fornalhas e com vários sabores de bala, limão, coco, baunilha e outros, como tão bem está descrito em belo poema escrito pela poetisa Martha, filha do Henrique. Os vasilhames apropriados se espalhavam pelas muitas mesas de mármore rústicas, de grande espessura.

Era um espetáculo alegre e interessante, os empregados correndo daqui pra ali, mexendo os tachos, colocando as toras de lenha, jogando a massa para o ar, cortando as balas, tudo artesanalmente porque não havia a tecnologia de hoje, mas com o material usado na fabricação, além de ser in natura, da melhor qualidade. Bons tempos aqueles!!!

Conta ainda a filha do Barão que havia muita movimentação de pessoas de fora, principalmente de crianças, que embrulhavam as balas e pegavam as rapas de tacho.

Porém, nos dias em que havia a manipulação das balas de iodo, não havia acesso a estranhos. Ali ficava o médico, já com líquido na dosagem certa para cada tachada. Era um trabalho feito com muita responsabilidade. O médico exigia que nenhum resíduo das balas fosse aproveitado pelas crianças, como geralmente era feito, pois elas eram um remédio poderoso. Um remédio que muito bem fez à saúde do lafaietense e de muita gente mais com a distribuição daquelas balas nas escolas, principalmente, e também para o povo através da Prefeitura.

Com o trabalho do cientista, a minha geração crescia ficando cada vez mais vacinada contra o bócio, grave problema que era muito comum nestas paragens distantes dos ares marítimos.

ÁLVARO LOBO LEITE PEREIRA era o filho caçula de Eulália Horaida de Queiroz Lobo e de Francisco Lobo Leite Pereira, engenheiro de estradas de ferro e chefe da fiscalização da rede Sul-Mineira, tendo sido dado o seu nome a uma rua em nossa cidade, a rua Francisco Lobo, que se inicia ao lado do Supercomaz. Nasceu em 20 de fevereiro de 1890, em Queluz, atual Conselheiro Lafaiete, onde seu pai naquela época trabalhava na implantação do Ramal do Rio das Velhas e no acesso ferroviário a Ouro Preto. Seus estudos desenvolveram-se no Rio de Janeiro, onde se formou em Medicina.

Casou-se em 1930 com Cecília Burle Lisboa, com quem teve seis filhos: Mário, Maria Augusta, Maria Alice, Luiz Alfredo, Maria Regina e Maria Eulália.

Um importante destaque em sua carreira: recém-formado, fez parte da equipe do Dr. Carlos Chagas, que, em Lassance, descobriu o Trypanossoma e seu veículo, o barbeiro, e realizou excelentes trabalhos em Bambuí sobre o assunto.

Foi também médico auxiliar do serviço rural do Paraná, como inspetor de profilaxia no Norte daquele Estado.





Instituto Oswaldo Cruz

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Contratado como assistente do Instituto Oswaldo Cruz em 1926, dedicou sua vida, a partir de então, à renomada instituição científica, ali ficando até sua morte, quando se encontrava em pleno exercício de suas funções.

Passou a chefe de laboratório em 1931 e, em 1937, assumiu o cargo de Biologista-classe L do quadro de pesquisadores de Manguinhos.

Em 1942 foi nomeado chefe do Hospital Evandro Chagas, da Divisão de Estudos de Endemias do Instituto Oswaldo Cruz, sendo designado, em 1943, para substituir a chefia dessa Divisão em faltas e impedimentos do titular.



Conselheiro Lafaiete na época em que Dr. Álvaro Lobo realizou ali seus estudos sobre etiopatia e profilaxia do bócio endêmico em Minas Gerais

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No período de 1939 a 1942, foi designado para realizar estudos sobre a etiopatia e a profilaxia do bócio endêmico em Minas Gerais, especialmente no município de Conselheiro Lafaiete, realizando inquéritos sobre a doença e organizando um eficiente plano de profilaxia. Com isso, voltou às suas origens, às quais sempre esteve ligada sentimentalmente, residindo nessa época, com sua família, à rua Tavares de Melo.

Sobre esse período de sua carreira, temos um depoimento no livro A Escola de Manguinhos: contribuição para o estudo do desenvolvimento da medicina experimental no Brasil, de Olympio da Fonseca Filho, Tomo II: Oswaldo Cruz monumenta histórica. São Paulo: [s.n.], 1974, falando sobre estudos em várias áreas:

“Uma dessas áreas, compreendendo vasta extensão dos municípios mineiros de Conselheiro Lafayette e de Ouro-Preto, onde é intensa a endemia bócio-cretínica, foi estudada por Lobo-Leite, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz para isso designado pelo próprio Chagas. Pôde Lobo-Leite verificar que os portadores de bócio dessa região, em que se não encontram triatomíneos infectados, mostram pequena incidência de arritmias e de paraplegias, bem como frequência não maior que a normal de casos de morte súbita de pessoas jovens. A reacção de Guerreiro-Machado (reacção de desvio do complemento para diagnóstico de doença de Chagas) em 71 casos de bócio observados nessa zona deu 65 resultados negativos, um resultado inconcludente e 5 fracamente positivos, estes em indivíduos em que o inquérito epidemiológico indicava possibilidade de infeção fora da área estudada.” (p. 303)

Também encontram-se referências ao trabalho de Lobo Leite no livro La Maladie de Chagas, Histoire d’un fléau continental, de François Delaporte, Paris: Bibliothèque Scientifique Payot, 1999:

“Somente em 1930 aparecem novas formas de experiência: Dias revisa o ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi; Pena de Azevedo revisa o material histopatológico e Lobo Leite realiza novas enquetes epidemiológicas. Com as enquetes epidemiológicas encontravam-se em massa novos vetores e reservatórios de vírus, embora a identificação dos doentes ainda permanecesse rara.” (p. 219)


Em 1945 realizou trabalhos de profilaxia em São Paulo, no município de Rio Claro. Fez estudos sobre bócio e outras endemias na região de Aragarças, Goiás e, em 1948, realizou estudos epidemiológicos no Planalto Central de Goiás.
Em 1950, foi promovido por merecimento e passou para a classe M da carreira de Biologista do Ministério da Educação e Saúde.

Diz Emerson: “Toda Instituição é a sombra alongada de um homem” Também as obras escritas podem atestar, de acordo com seu valor, a grandeza e a importância de quem a escreve. Por isso, vou passar os títulos de trabalhos deixados por Dr. Lobo, que demonstram a relevância de seus estudos e pesquisas:

Trabalhos publicados pelo cientista aqui focalizado:
• Aspecto comum da Trypanosomiase Americana (com E. Villela, J. C. Penido e Evandro Chagas). Revista das Clínicas, 1929, 3 (4): 2.
• Ètudes Ematologiques dans La Fièvre Jaune. C. R. Soc. Bio.., 1919, 100 (II) : 946.
• Estreitamento Congênito da Artéria Pulmonar (com Evandro Chagas). A Folha Médica, 1930, 11 (7) : 73.
• Sur lles Anophélinées qui Transmettent Le Paludisme au Brésil (com A Godoy e O. Cruz Filho). C.R. Soc. Biol., 1930, 105 (34) : 731.
• Gasometria e Dosagem de Uréia por meio de um Dilatômetro. Acta Médica, Vol. III, nº 3 – março 1939.
• Doença de Chagas e Bócio Endêmico. Brasil Médico. 1939; 53 (46) : 1031.
• A Endemia Bócio-Cretínica no Brasil e sua Profilaxia. Conferência realizada na 2ª Quinzena Médica de Belo Horizonte, Setembro de 1940.
• Bócio Endêmico e Doença de Chagas. O Hospital (S. Fr. De Assis, Rio, 1942 21 (6) : 817.
• O Bócio Endêmico em Minas Gerais. Mem. Instit. Oswaldo Cruz, 1943, 38 (I) : 1.
• Profilaxia do Bócio Endêmico pela Iodetação do Sal. Arq. Bras. De Nutrição. 1944, I (2) : 87.
• Memorial sobre a necessidade da Instituição do Sal Iodado nas Regiões Bociógenas do Brasil (Trabalho apresentado à coordenação da Mobilização Econômica, por intermédio do Instituto Oswaldo Cruz), em abril de 1944.
• Terão os Flebótomos algum papel na transmissão do Trypanosoma Cruzi entre os lasipodídeos (trabalho apresentado ao Congresso Sul-Americano de Medicina reunido no Rio de Janeiro), 1946.
• Doença de Chagas e Endemia Bócio-Cretínica – Necessidade urgente de se proceder à profilaxia de ambas. (Trabalho apresentado no Congresso Sul-Americano de Medicina), em 1946.

Quando terminou seu trabalho de campo em Conselheiro Lafaiete, onde fundou o Primeiro Centro de Estudos do Bócio Endêmico do Brasil, voltou o médico para o Rio de Janeiro, mas continuou sempre preso à sua terra natal. Em jornais antigos, por várias vezes vi nota referentes à sua presença na cidade, hospedado em casa de seu primo e amigo Fortunato Lobo Leite.

Comprou um sobrado em Lobo Leite (antiga Soledade), terra de sua família, onde já tinha terras herdadas de seus antepassados e ali ia sempre que possível. Após sua morte, seus filhos, netos e bisnetos continuaram a passar férias em Lobo Leite, com que reverenciando a sua memória.



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Em 1945/46, ajudado pelo pessoal do lugar, ele implantou naquele lugar uma pequena Usina Hidroelétrica compreendendo barragem, rego d’água, turbina, gerador e rede de distribuição de energia, sendo que essas instalações serviram à população até a chegada da Cemig..

Quando faleceu, no Rio de Janeiro, em 20 de julho de 1950, Dr. Álvaro Lobo Leite Pereira estava ajudando a implantar o sal iodado no Estado do Rio de Janeiro.

A missão do ilustre cientista em nossa cidade e região ajudou muito a solucionar um grave problema de saúde. O bócio consiste no aumento perceptível da glândula tireóide, causando o hipotireoidismo, o que provoca cansaço, desânimo, movimentos lentos, memória fraca e muitos outros sintomas desagradáveis e, quase sempre, até mesmo sérios.

Desde o século XXIII, a prevalência do bócio endêmico nas regiões brasileiras distantes do mar preocupava médicos, cientistas e naturalistas, principalmente os viajantes estrangeiros no século XIX, como Saint-Hilaire, Luccok, Spix, Von Martius e outros, descrevendo esse problema em seus livros. Um deles, no momento não me lembro qual, dizia ser tão séria a presença do bócio em Minas Gerais, que havia um arraial onde praticamente todas as pessoas sofriam de bócio e, em um deles, onde o mal acometia praticamente todos os habitantes, nenhum homem aceitaria casar com uma jovem que não tivesse “papo”.

Dr. Álvaro defendeu ardorosamente o emprego do iodo no sal como a solução mais eficiente e econômica de profilaxia e erradicação do bócio endêmico nas regiões interioranas. Seu trabalho não foi em vão.

Finalmente, os meios científicos e a administração pública promoveram a introdução do sal iodado na cozinha do brasileiro, passando a ser obrigatória por imposição legal, inicialmente com a Lei nº 1944, de 14/08/1953, obrigando a iodetação nas regiões bociógenas. A Lei nº 6150, de 03/12/74 preceitua o uso em todo o território nacional.

Faço a minha homenagem à memória daquele homem que, num certo período, trouxe alegria e saúde a mim e as outras crianças lafaietenses através das suas deliciosas e benéficas balas de iodo.