terça-feira, 26 de novembro de 2013

A BELÍSSIMA DATA DA INDEPENDÊNCIA DE CONSELHEIRO LAFAIETE



                                                       Óleo sobre tela de Lygia Seabra

                      A BELÍSSIMA DATA DA INDEPENDÊNCIA DE CONSELHEIRO LAFAIETE

                                                       Avelina Maria Noronha de Almeida


Corria o ano de 1790. O dia era 19 de setembro.

Naquela data iria acontecer o que tanto sonhara o povo de Carijós: a criação da vila. Uma petição fora feita ao Senhor Visconde de Barbacena e enviada a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre outras coisas, dizia:

“Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena. A Vossa Exa. expõem, reverentemente os Moradores das Freguezias de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, e de Congonhas do Campo, e de Santo Antonio da Itaberava, quê, formando todos huma povoação conjunta de quasi vinte mil pessoas, com suficientes fundos, propriedades e terras incultas, e distando das vilas de São Joze, São João, Villa Rica e Mariana por onde são demandados mais de quinze, vinte e trinta legoas, por asperas Serras, caminhos Solitarios e passagens de Rios, sem que a justiça possa amparar prontamente os orfaons e Viuvas pobres, nem defender a tranquilidade publica de alguns facinoras e Saltiadores; Desejão os suplicantes merecer a Sua Magestade Fidelissima, o Foral e criação da nova Villa com Corpo de Camara, Juiz Ordinario e de Orfaons, Vereadores, Tabelliaens, e mais Offeciais competentes, no Campo Alegre de Carijós;” e prosseguia o documento com mais considerações.

No dia tão esperado, o povo, dominado pela alegria, reuniu-se na Praça Nova. O Senhor Visconde de Barbacena chegou acompanhado de luzida comitiva e, lá no prédio da Câmara, assinou o Auto de Criação da vila. No termo lavrado em um livro especial, estavam arrolados o dia da inauguração, o nome da vila, os limites e confrontações de seu território, os nomes do ouvidor, do capitão-mor da vila e das outras autoridades.

ESTAVA CRIADA A REAL VILLA DE QUELUZ!

Em seguida, como narra o Auto de Levantamento, “sendo presente o Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena do Conselho de Sua Magestade, Governador e Capitão General desta Capitania de Minas-Gerais, e o Doutor General, e Corregedor desta Comarca, com os Moradores, Nobreza e Povo tanto da dita Real Villa novamente erecta como dos Arrayaes convezinhos; pello mesmo Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde General foy mandado levantar o Pilorinho da referida Villa, o qual, com efeito se levantou, com a solenidade do estilo, no lugar que para isso se considerou mais proprio e acomodado, e vem a ser a Praça Nova, que fica no meyo da Villa, entre as Cazas destinadas para a Camara, e a Igreja Matriz, cujo acto se fez, e concluhio repetindo todos em altas vozes, e sucessivas aclamaçoens – Viva a Rainha Nossa Senhora Dona Maria primeira...”

Enquanto isso, os sinos das igrejas (Matriz, Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo) badalavam alegremente, a força miliciana deu uma descarga de seus mosquetes, alguns moradores davam salvas de suas roqueiras (peça de artilharia que atirava pelouros, que eram balas de metal com que se carregavam muitas das antigas armas de fogo) e todos gritavam vivas.

Foi assim, dessa maneira tão bela, tão alegre, tão feliz que nossa Conselheiro Lafaiete viveu o primeiro dia de sua vida independente.

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