sábado, 1 de fevereiro de 2014

QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ E DOS DOUTORES DA IGREJA NA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE








Foto de Mauro Dutra de Faria




QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ E QUADROS DOS DOUTORES DA IGREJA NA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE

Avelina Maria Noronha de Almeida



Na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete, nas paredes laterais próximas ao altar-mor, existem quadros da vida de São José, pintados por Guilherme Schumacher que, em 1912, concluíra as pinturas do transepto e do batistério da igreja de São José, em Belo Horizonte, antes de vir executar obras em Queluz durante a reforma executada no tempo de Padre Américo, as quais foram inauguradas em 1915.

Com a reforma da Matriz concluída em 2012, descobriu-se que esses quadros foram pintados por Schumacher em cima de pinturas anteriores, com o mesmo tema.

Havia algo que me implicava: em seu diário, D. Pedro II, que aqui esteve em 1881, disse que fora na Matriz a um Te Deum a ele dedicado, à noite, e escreveu o seguinte:

"Na capela-mor há pinturas que talvez não sejam más, porém a falta de luz não me permite vê-las bem".

Se os quadros foram pintados por Schumarcher (a grafia do sobrenome é assim mesmo) na primeira década do século XX, como D. Pedro II as veria em 1881? Era uma interrogação perturbadora.

Acontece que, durante a reforma recente, três dos quadros pintados por Schumacher tiveram que ser tirados por causa dos estragos. Com isso apareceram telas, embora com o mesmo tema, com as diferenças das épocas e do estilo dos artistas. São, certamente, três dos quadros vistos pelo Imperador.

Esses mais antigos, de acordo com a restauradora Rosângela Reis Costa, do Grupo Oficina de Restauro Ltda., são da primeira metade do século XVIII.

Houve um problema porque a ordem dos quadros foi alterada quando Schumacher os colocou de novo na moldura, por isso, com a restauração, ficou faltando o episódio de São José tendo seu lírio florido e sendo, assim, o escolhido, entre outros pretendentes, para esposar Nossa Senhora. Por isso ficaram na parede dois quadros do nascimento do Menino Jesus. Embora seja uma pena a perda de um quadro tão lindo como o do florescimento do lírio, ficou, para os estudiosos, uma oportunidade de comparação do mesmo motivo pintado por artistas distintos em épocas diversas.

Vejam que diferença de estilos. A pintura de Schumacher é romântica, leve, suavemente colorida, com diversas tonalidades. A pintura do artista desconhecido do século XVIII cujo nome, se Deus quiser, esperamos seja descoberto, é mais dramática, com poucas cores (aquelas que eram usadas naquela época e outros detalhes como figuras longilíneas, um estilo especial de rostos e mais sutilezas que só entendidos podem dar depoimentos.





Nascimento do Menino Jesus - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Nascimento do Menino Jesus - Pintura de Guilherme Shumaker - Princípio do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria


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Apresentação do Menino Jesus no templo - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Menino Jesus trabalhando com São José - Pintura de Guilherme Shumaker de princípios do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria






Encontro do Menino Jesus no templo entre os doutores - Pintor desconhecido do século XVIII

Foto de Mauro Dutra de Faria






Morte de São José - Pintura de Guilherme Shumaker de princípio do século XX

Foto de Mauro Dutra de Faria





VISÃO DA COLOCAÇÃO DOS QUADROS NAS PAREDES





Visão da colocação dos quadros nas paredes
Fotos de Mauro Dutra de Faria


Estes quadros da vida de São José são inestimável patrimônio artístico da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete



3 QUADROS DA VIDA DE SÃO JOSÉ PINTADOS POR GUILHERME SCHUMACHER EM PRINCÍPIOS DO SÉCULO XX E QUE FORAM ESTRAGADOS PELAS GOTEIRAS. SENDO RETIRADOS, APARECENDO DEBAIXO DELES OS QUADROS DO SÉCULO XVIII.

No primeiro quadro,quando Maria tinha quatorze anos e vivia no Templo, o sumo-sacerdote reuniu todos os homens descendentes de Davi que estavam em idade de casar e entre eles, embora mais velho estava São José. Todos deveriam trazer um ramo e o dono daquele que florescesse é que se casaria com Maria. Quando José colocou o ramo sobre o altar ele floriu e, assim, são José foi o escolhido para se casar com a Virgem Maria.

No segundo quadro é focalizada a procissão que, no casamento judaico,é formada no início da cerimônia para a entrada do rabino, dos anciãos da família, do noivo e de seus pais. Depois é a entrada da noiva e de seus pais. No ano de 1992, quando foi feita a foto, o quadro já estava um pouco deteriorado.

O terceiro quadro focaliza quando Nossa Senhora e São José, depois de três dias de busca, encontram o Menino Jesus pregando no templo, sentado entre os doutores.




São José com o ramo de lírio florido
Acervo pessoal





Procissão do casamento de São José com a Virgem Maria

Acervo Pessoal




Menino Jesus pregando no templo

Acervo pessoal.



QUADROS DOS DOUTORES DA IGREJA






Imagem da Internet


Na Igreja Católica, Doutores da Igreja são homens e mulheres que manifestaram grande santidade, grande saber teológico e que, com seus escritos, pregações e modo de viver enaltecendo do cristianismo.

Os quatro maiores Doutores da Igreja são S. Ambrósio, S. Agostinho, S. Jerônimo e S. Gregório Magno.

De acordo com a gramática, o adjetivo "Santo" é usado antes dos nomes de santos que começam por vogal ou “h” mudo e "São" para os que se iniciam com consoante.



VISÃO DA COLOCAÇÃO DOS QUADROS NUMA DAS PAREDES





Foto de Mauro Dutra de Faria




PRIMEIRO QUADRO NA PAREDE À ESQUERDA DE QUEM ENTRA

SÃO GREGÓRIO MAGNO




Foto de Mauro de Faria Dutra



São Gregório, o Grande, nasceu em Roma em 540. Foi o 64º papa da igreja católica e chamado de "Magno", ou seja, o maior de todos em sabedoria, inteligência e caridade.

Foi eleito papa em votação unânime mas escreveu ao Imperador de Constantinopla que não confirmando sua eleição pois não queria assumir o papado.O Imperador não o atendeu e, por isso, fugiu para não ser coroado Papa. Porém, para onde ele ia uma luz milagrosa apontava seu esconderijo. Governou a Igreja como Papa até 604.

Tinha muita preocupação com os pobres, que eram numerosos em Roma naquela época de decadência, e mandava que lhes fosse distribuída comida diariamente. Todos os dias 12 necessitados eram convidados à sua mesa, e ele mesmo fazia questão de servi-los. Pregava o reto uso dos bens materiais. Dizia:

“Possui como se nada possuísse aquele que ajunta todas as coisas necessárias para o seu uso, mas prevê cautamente que logo as há de deixar. Usa deste mundo como se não usasse aquele que dispõe do necessário para viver, mas não permite que nada disso domine o seu coração, para assim estar a serviço do bom andamento da alma, que tende para coisas mais altas”

São Gregório era tão humilde que adotou o título de “Servus Servorum Dei”, expressão latina que significa "Servo dos Servos de Deus" para demonstrar humildade e referir-se ao papel do Papa para servir os bispos do mundo. Esse termo é usado referindo-se ao papa no início das bulas pontifícias.

É o responsável pela divulgação do tipo de música que é hoje em dia conhecido como canto gregoriano. Deixou extensa obra escrita, incluindo sermões e comentários sobre a Bíblia. Foi ele que introduziu o Pai-Nosso na missa.

É comemorado no dia 3 de setembro, aniversário de sua consagração episcopal em 590, considerado, no Brasil, o padroeiro dos biólogos.

Está representado no primeiro quadro do lado direito do altar, sobre o quadro do Nascimento de Jesus, de autor desconhecido. Considero que fez um dos maiores benefícios feitos ao culto católico porque tornou o Pai-Nosso presente em todas as missas, levando os fiéis a expressar a glória que se deve a Deus, o desejo de que ele impere entre nós, a aceitação da vontade de Deus, o pedido de alimento, de perdão dos nossos pecados e a necessidade de perdoarmos ao próximo, o pedido de nos afastar da tentação e de nos livrar do Mal. É a oração perfeita, ensinada por Jesus Cristo. Se você ainda não prestou atenção ao quadro que o representa, lance a ele um olhar de admiração pela vida santa que aquela efígie representa.



SEGUNDO QUADRO NA PAREDE À ESQUERDA DE QUEM ENTRA



SÃO JERÔNIMO





Foto de Mauro de Faria Dutra



São Jerônimo nasceu na Dalmacia (Iugoslávia) no ano 342, conhecido sobretudo como tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim. conhecido também por defender o Dogma da Virgindade Perpétua da Virgem Maria. É apresentado, no quadro desta matriz, com um livro e uma caneta, vendo-se no chão um crânio humano, lembrando ao homem de carne e osso que o tempo tudo destrói.

Devido a seu temperamento e suas tendências foi para o deserto fazer penitência de seus pecados, rezando muito, com jejuns rigorosos, sem dormir e quase chegou a falecer por isso, mas não conseguiu paz descobrindo que sua missão era junto às pessoas. Foi, então, para Constantinopla, onde se encontrou com São Gregório, convertendo-se com seus sermões e descobrindo o caminho do amor pelo estudo das Sagradas Escrituras

São Jerônimo faleceu em Belém, para onde fora em 386, ali permanecendo até o fim de sua vida como monge, fazendo penitência e estudando, continuando as traduções bíblicas. Faleceu no de 420, próximo à gruta da Natividade. É o padroeiro dos bibliotecários, dos tradutores, dos secretários e de todos os estudiosos da Bíblia. No dia 30 de setembro, aniversário de sua morte, comemora-se, no Brasil, o Dia da Bíblia.

É o padroeiro dos bibliotecários, dos tradutores, dos secretários e de todos os estudiosos da Bíblia. No dia 30 de setembro, aniversário de sua morte, comemora-se, no Brasil, o Dia da Bíblia.




PRIMEIRO QUADRO À DIREITA DE QUEM ENTRA

SANTO AMBRÓSIO





Foto de Mauro Dutra Faria


Santo Ambrósio de Milão nasceu em Trier, Alemanha, em 340. Recebeu o título de “Língua de Mel” pelo tom de sua voz, pela sua eloquência e pela sabedoria na escolha das palavras. Foi chamado de “O apóstolo da Amizade”. Santo Agostinho era um dos seus ouvintes frequentes e foi convertido por ele.

De acordo com uma lenda, quando era criança, um enxame de abelhas pousou em seu rosto quando estava deitado no berço e deixaram para trás uma gota de mel. Outra versão diz que as abelhas começaram a voar sobre a criança, algumas entrando e saindo de sua boca. Após alguns instantes, as abelhas saíram pelo mesmo caminho em que vieram. Seu pai interpretou o fato como um sinal da sua futura eloquência. De fato, seu discurso agradável, doce e cativante, o que levava a dizerem que tinha uma "língua de mel" e por várias vezes comparou as virgens às abelhas.

Pelo apelido que recebeu, usam abelhas quando o representam em quadros e outros símbolos que indicam sabedoria. No quadro que está na parede à direita do altar-mor, próximo ao altar, Santo Ambrósio é representado com uma colmeia no chão, a seu lado, trazendo numa das mãos um livro e, na outra, uma pena de escrever.

Devido ao apelido associado a abelhas e a seus produtos, é venerado em Milão como padroeiro dos que trabalham com abelhas e dos fabricantes de cera e candelabros, sendo comemorado no dia 7 de dezembro, data em que, no ano de 374, foi aclamado bispo de Milão pela população.

Uma frase muito bonita de Santo Ambrósio é: “Ninguém cura a si próprio ferindo o outro.”

Faleceu em Milão, em 4 de abril de 397, uma Sexta-Feira Santa.






SEGUNDO QUADRO À DIREITA DE QUEM ENTRA

SANTO AGOSTINHO



Foto de Mauro de Faria Dutra




Aurélio Agostinho (do latim, Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho nasceu em 354 d.C. em Tagaste na Argélia. Morreu em 28 de Agosto de 430, em Hipona, na Argélia). Foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Escreveu diversos sermões importantes.

Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. É dele a frase: "Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti."

S. Agostinho, como São Expedito e outros santos, falam , em suas pregações, sobre o abominável corvo do “cras”, significando o diabo e seus adiamentos. Isso acontece com o pecador que vive dizendo: “Amanhã me converto, amanhã me converto. Ele mesmo adiou por muito tempo sua conversão. Ele disse em um sermão: “Irmão, não fique adiando sua conversão. Há aqueles que ficam protelando e cumpre-se neles a voz do corvo: ‘cras, cras’. [...] Até quando ficarás no cras, cras...? Atente para teu último cras. Não sabes quando será teu último cras.” E em outro sermão: “Os pecadores devem corrigir-se enquanto vivem. A morte vem de repente e ninguém poderá converter-se. Quando será nossa última hora, não o sabemos. Quem fica dizendo "cras, cras", torna-se corvo: vai e não volta (como o corvo da arca de Noé), nunca se converte.”

Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos e impressores e comemorado no dia 28 de agosto, dia de sua suposta morte.


MINHA HOMENAGEM A GUILHERME SCHUMACHER QUE,COM SEU GRANDE TALENTO ARTÍSTICO, SOUBE TRAZER TANTA BELEZA À MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS




2 comentários:

  1. uma história notável! como os artistas alimentam a nossa alma

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  2. Que bom haver gostado. Estou já preparando nova postagem com mais obras de arte da Matriz. Ainda está no rascunho mas breve estará pronta.
    Um grande abraço e muito agradecida.
    Avelina

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