segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL









Repórter Esso - Herón Domingues

Imagem da Internet



SEGUNDA GERRA MUNDIAL



No dia 8 de maio comemora-se o fim da Segunda Guerra Mundial. Lembro-me bem desse dia, em 1945. Quem viveu naquela época, como poderia esquecer?... O Repórter Esso, na voz forte e emocionada de Herón Domingues, proclamava:

TERMINOU A GUERRA! TERMINOU A GUERRA! TERMINOU A GUERRA!

Só de lembrar meus olhos se enchem de lágrimas de emoção.

E foi aquele espetáculo belíssimo! As ruas apinhadas de gente. Na Marechal Floriano Peixoto, parece-me que ocorreu a maior concentração do povo. As máquinas da Central do Brasil apitavam, os carros buzinavam, os sinos das igrejas repicavam festivamente, as sirenes dos cinemas, que havia muito não escutávamos (pois esse som era reservado para a emergência de aviões inimigos se aproximarem) abriam sua voz, foguetes pipocavam no ar e, o mais bonito, todas as pessoas se abraçavam efusivamente, fossem ou não conhecidas umas das outras... Nunca vi coisa igual na minha vida. Muita coisa há a dizer sobre o período dramático da guerra. Mas vou falar de um fato que as pessoas antigas como eu devem se lembrar perfeitamente, mas que é praticamente desconhecido das novas gerações.

Trata-se da “Pirâmide de Guerra”, que foi erguida, em 1942, em frente à Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete. Vou passar a explicação do que era essa pirâmide para um trecho do artigo escrito por Dr. Astor Vianna em sua coluna “Pickles”, no “Minas Jornal” de 3 de setembro de 1942, no qual fala sobre as campanhas encabeçadas pelas professoras, para colaborar com o “Esforço de Guerra”.

“... há, na cidade, uma organização patriótica e de grande eficiência que é o FORMIGUEIRO 55. [Explicação minha: em todo oBrasil havia organizações escolares semelhantes. A de nossa cidade funcionava no Grupo Escolar Pacífico Vieira]. Todas as crianças [não seria mal que até gente grande entrasse no movimento] – podem prestar um imenso serviço ao Brasil, da mais fácil das maneiras: ajuntem vocês todos os pedaços velhos de ferro, de chumbo, de lata, de zinco, de papel prateado de cigarros, de bombons, brinquedos estragados, velhas marmitas ou panelas de ferro ou de cobre, tubinhos vazios de remédio (também de dentifrícios) vidros e garrafas, ainda mesmo quebrados, celulóide, cabos de escovas de dentes, pneus velhos etc, todo esse material que parece não ter utilidade nenhuma e vamos fazer com isso a pirâmide de materiais da cidade, a que daremos o nome de Monumento Comandante Galvão. Sabem quem foi Galvão? Foi um grande soldado brasileiro que comandou a resistência de nossa cidade em 1842.”

Complementando, primeiramente em relação ao material da pirâmide: ele iria para o Arsenal de Guerra, que o encaminharia aos Estados Unidos (EUA), a fim de ser convertido em bombas, balas, tanques e aviões para combater as forças do Eixo.




Esforço de guerra do Grupo Escolar Pacífico Vieira; ao centro a professora Virginia;à direita da professora, Marina Biagioni Marques e Terezinha d’Allencourt; à esquerda da professora, Araken Santiago e Zilá Andrade.

Arquivo Jair Noronha


A campanha, que teve a direção eficiente de D. Olímpia Rodrigues Brandão, diretora do Grupo Escolar Pacífico Vieira, alcançou enorme sucesso, tendo sido encerrada em 16 de dezembro de 1942, ano em que se comemorava o centenário do Movimento citado. O Município de Conselheiro Lafaiete, com a quantia arrecadada, alcançou o seu intento e deu um avião para a Força Aérea Brasileira (FEB) lutar pela nossa soberania na Segunda Guerra Mundial. O prefeito municipal, Dr. Mário Rodrigues Pereira, encarregou meu pai, Jair Noronha, secretário da Prefeitura, de acompanhar o Formigueiro 55 ao Rio de Janeiro levando a quantia arrecadada, que D. Olímpia foi entregar,pessoalmente, no palácio, ao presidente Getúlio Vargas. Nós (porque meu pai me levou, embora eu não pertencesse ao Formigueiro), professores e alunos – entre esses últimos, a memória me traz Marina Biagioni Marques, Ênio Vierno Leão, José Martins de Oliveira e Nenê Marzano. Somente tenho informações atuais dos seguintes alunos: Marina Biagioni Marques, membro da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, premiada escritora e poetisa; Dr. Ênio Leão, famoso pediatra residente em Belo Horizonte, que, numa pesquisa publicada no Jornal do Brasil há alguns anos, feita entre importantes pediatras brasileiros, foi incluído entre os cinco melhores pediatras do Brasil; e Nêne Marzano, celebrada artística plástica residente em Belo Horizonte com trabalhos enviados para o Exterior.

Ficamos no jardim em frente ao Catete. De repente, o Presidente apareceu na sacada e nos acenou com a mão.

Depois fomos à Urca, na Rádio Nacional, onde Nenê Marzano, com sua voz potente e harmoniosa, um prodígio para uma criança de 10 anos, cantou para todo o País:

“Brasil, ó meu Brasil,/ eis no teu berço doirado,/
um índio civilizado,/ abençoado por Deus...”



Em pé: Ari Gonçalves, Jair Noronha, Maria Augusta Noronha, Nazinha de Freitas, Anita Lobo, Virgínia e Sabo d’Allencourt, Didi Castellões, Dona Olympia, Marina Biagioni, Maria José (Zeca), Lúcia D’Allencourt, Nenem Marzano, não identificada, Tereza d’Allencourt, Avelina Noronha, Sentados: Cleuber Martins, Araken Santiago, Enio Vierno Leão, Paulo Rodrigues Alves, Aloezir Píramo, José Martins e Miguel Ignácio.

Arquivo Marina Biagioni Marques


Um fato especial, que me contou recentemente Nenê Marzano, merece ser trazido aos leitores: Dr. Mário, o prefeito, mandou sintonizar o rádio, que havia no antigo abrigo localizado na praça Tiradentes, na Rádio Nacional e chamou o pai da cantora-mirim para ouvir a filha. A praça se encheu de gente, também querendo assistir à transmissão radiofônica. Aí vem o momento de grande beleza: ao ouvir a filha cantar, o célebre Cavalheiro Marzano começou a chorar... e o povo, dominado pelo sentimento patriótico e vendo o pai da menina chorar, começou a chorar também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário