domingo, 15 de dezembro de 2013

ONTEM E HOJE


















Imagem da Internet





ONTEM E HOJE

Avelina Maria Noronha de Almeida


“A multidão não envelhece nem adquire sabedoria:
permanece sempre na infância."
Johann Wolfgang von Goethe

Você está diante da tela da Internet e aparece um e-mail dizendo algo assim: "Aqui em Milão, neste momento, está agradabilíssimo. Sol radiante, brisa leve e o perfume das árvores floridas entra pela janela". E aqui, no Brasil, em Conselheiro Lafaiete, se tiver bastante imaginação, você pode visualizar a cena, até sentir o perfume das flores.

Ou você recebe a mensagem de um amigo residente num país asiático na qual ele escreve: “Tenho que parar de escrever porque o edifício está começando a tremer. Vou para um abrigo anti-terremoto”. Você sente o drama da pessoa amiga, sabendo o perigo que ela está passando naquele exato momento e se preocupa e reza e se angustia. Meia hora depois recebe outra mensagem: “Já passou o perigo. Estou bem”. Você se tranquiliza e continua a conversa interrompida. Parece um milagre!

Os da minha idade temos que admitir que, neste caso, “no nosso tempo não era melhor”. Até para conseguir uma ligação telefônica era uma dificuldade: através da telefonista,que demorava horas a conseguir uma ligação para o Rio de Janeiro. Outro dia assisti a um filme ainda do tempo do “preto e branco” e o homem ia dirigindo o carro feito louco para avisar à moça do perigo que corria. Se fosse hoje, era só ligar no celular.

Viajar para Belo Horizonte, na primeira metade do século XX, de ônibus, que fazia só uma viagem por dia, durava cinco horas e, como era estrada de terra, chegava-se ao destino com as roupas e os cabelos empoeirados. Ou então de trem de ferro; eles passavam por aqui duas vezes por dia, também com duração da viagem de umas cinco horas. Mas ainda havia os inconvenientes: havia baldeação em Miguel Burnier. Quantas vezes a gente ficava horas naquela estação porque o outro trem estava atrasado. Quando era no trem da noite, então... ô lugarzinho gelado! Ficava-se tiritando de frio, andando de um lado para o outro para ver se o movimento aquecia um pouco o corpo. E o pior era quando, depois desse sofrimento todo, vinha a informação de que o outro trem não viria e os passageiros seriam reconduzidos a Lafaiete. Sem esquecer também das passagens pelos túneis (creio que eram dois) e, quando se chegava outra vez ao ar livre, o rosto e as roupas estavam cheios de fuligem.

Hoje há ônibus para a capital mineira de meia em meia hora, a viagem dura menos de duas horas e o passageiro pode sair do ônibus prontinho até para uma festa.

Outro ponto a favor dos tempos de hoje: desde meus três anos ia com meus pais ao cinema todos os dias, assim fiquei viciada. Nas segundas-feiras, havia reprise do filme de domingo, então o papai não ia. Eu ficava desorientada. Uma noite, eu tinha meus quatro anos, fomos passear na parte baixa da cidade e, ao voltarmos, passando no jardim da praça Tiradentes, chegando em frente ao cinema comecei a reclamar que a perna estava doendo e eu queria me sentar. Meu pai falou:

“- Vamos sentar aqui no banco do jardim..”

Ao que eu respondi choramingando:

“- Eu quero sentar é lá dentro...”

Como, naquele tempo, eu ia pensar que um dia poderia assistir a muitos filmes por dia dentro da minha casa?

Um comentário:

  1. oh minha amiga, hoje em dia temos de fugir de tantos filmes em casa, para fazermos um pouco de exercício, tratar do convívio e respirar o ar do horizonte!

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