domingo, 15 de dezembro de 2013

AH! OS TEMPOS ANTIGOS...



















Imagem da Internet





AH! OS TEMPOS ANTIGOS...

Avelina Maria Noronha de Almeida


"Tudo o que é bom dura o tempo necessário para se
tornar inesquecível."
Alexandre Magno Abrão Nascimento, Chorão.

Atualmente não, mas até umas décadas atrás era muito comum ouvir-se: “No meu tempo é que era bom!” Nem sempre essa frase é verdadeira. Muitas coisas melhoraram desde minha infância e adolescência.

Por exemplo: ão era fácil tomar banho gelado de chuveiro de manhãzinha - porque mesmo se houvesse uma serpentina (creio que as pessoas mais novas talvez não saibam o que é e pensem em Carnaval; serpentina era um cano que passava dentro do fogão de lenha e que aquecia a água que era levada à caixa do banheiro)ligada ao fogão a lenha, não dava tempo de esquentar a água da caixa do banheiro, bem cedinho, antes de sair para a escola ou para o serviço. Hoje, em menos de um minuto, cai a água cálida e gostosa.

Não era fácil coar o café para tomar antes de sair. Então se a lenha estivesse “verde”, escorrendo aquela resina - e quantas vezes isso acontecia!-, parecia até o lobo da história dos Três Porquinhos: a gente soprava, soprava, soprava... até que o fogo acendesse direito. Hoje,em menos de um minuto, no fogão a gás a chama aparece.

Se estava passando uma camisa - meu pai usava camisa branca e a gola e o punho tinham que ser engomados - já estava quase pronto o serviço,o ferro de brasa, que não era muito leve, dava um estalinho, soltava umas fagulhas que caíam em forma de cinza e sujavam a camisa. Mais trabalho: de limpar e de passar de novo. Não era só isso. Era
muito mais...

Só quem viveu aquele tempo pode entender. Há coisas do passado que se perderam, sumiram do cotidiano.

Gosto de comentar coisas da minha infância que foram substituídas com o decorrer dos tempos. Uma delas é o “chinelo de ligas”. De todas as pessoas a quem já indaguei se o conheceram, mesmo gente não muito nova, só uma, além de ter conhecido, trabalhara na fábrica em que eram confeccionadas.Creio que na rua Dias de Souza. Quando tento explicar como eram esses chinelos, não fico convencida de que as pessoas consigam visualizá-los na imaginação. Gostaria de ter ao menos uma fotografia em branco e preto, porque naquela época também não havia fotografia colorida em nossa terra. Mesmo no Brasil, só algum tempo depois alguns privilegiados conseguiram acesso a esse progresso,
demorando mais a se tornar utilizada por quem quisesse.

Ao escrever sobre aqueles chinelos, me deu uma curiosidade. Seria invenção de gente nossa? Haveria deles em outros lugares? Procurei na Internet e só achava as palavras “chinelo” e “liga” separadas: chinelos bordados, chinelos de couro; achei Liga de Esporte, Liga da Justiça, Liga das Escolas de Samba, até Liga de Urubus... Imagens que achei como "chinelos de liga" não correspondem aos antigos que estou citando.

Quando já estava desistindo, achando que a invenção era de Queluz, achei um site: Companhia de Luz Cachoeirense (Cachoeira do Campo fica a menos de 20 km do centro de Ouro Preto). Não era só nas terras queluzianas e lafaietenses que aqueles chinelos pisavam o chão. E foi bom porque achei a descrição que eu iria quebrar a cabeça para fazer.

Olhem só um trecho das informações: Em 1928, constituiu-se então uma sociedade anônima, a Companhia Força e Luz Cachoeirense. "A energia elétrica possibilitou a instalação de uma fábrica de artefatos de couro, tendo como produto principal o chinelo de 'liga' ou 'tapete', como era chamado. Era todo fechado como sapato, podendo ser usado à guisa de chinelo, pisando-se seu calcanhar. Sua maleabilidade se devia ao fato de ser feito de linhas de algodão tecidas e tingidas(cores azul, vermelho, verde) na própria indústria."

Quando eu era pequenina tinha pavor desses chinelos de liga. O contato do tecido de ligas com o meu pé me dava “nervoso”, eu até arrepiava, porém minha mãe insistia que eu os usasse porque não eram perigosos, não davam tombo. Ela tinha sua razão. Eu gostava mesmo era do meu tamanquinho, batendo “toc, toc” no assoalho, mas que já me havia dado
bons tombos.

Não só as crianças, mas também adultos, pelo menos no meu círculo de conhecimentos, usavam muito era o tamanco. Principalmente para lavar o chão e outras atividades domésticas. Mas não eram sofisticados, como nos tempos de hoje. Eram do tipo tamanco português. Muito sólidos, esses tamancos eram feitos na pequena fábrica que o excelente musicista, compositor de obras sacras belíssimas, Cândido Lana, tinha na rua Afonso Pena, à direita de quem sobe, já chegando perto da Prefeitura.

Lembranças...


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