domingo, 15 de dezembro de 2013

MOVIMENTO CARAV ELAS






















Imagem da Internet






HISTÓRICO DO MOVIMENTO CARAVELAS

Avelina Maria Noronha de Almeida



Tendo idealizado um movimento literário que exaltasse as Letras Mineiras, redigi o MANIFESTO DO MOVIMENTO “CARAVELAS”, que foi apresentado no dia 19 de novembro de 1998, na Reunião da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, o qual, após ser lido, discutido e aprovado, recebeu as assinaturas dos seguintes membros da Diretoria Executiva e do Conselho Superior, representando os outros acadêmicos:

Alberto Libânio Rodrigues, presidente da Diretoria-Executiva
Antônio Francisco Pereira, presidente do Conselho Superior
Efigênia Chaves Janoni, Secretária do Conselho Supeiror
Carlo Menezes, membro do Conselho Superior
Allex Assis Milagre, secretário da Diretoria Executiva
Wilson Baêta Assis, presidente da UBT (seção de Conselheiro Lafaiete)

Conselheiro Lafaiete, 19 de dezembro de 1998

Desde o ano de 1998 até este ano de 2013, a Academia de Ciências e Letras tem conseguido alcançar muitos dos objetivos do Movimento Literário Caravelas por meio de atividades coroadas de sucesso. Infelizmente, porém, apesar de ter envidado grandes esforços para que a Literatura Mineira passasse a ser uma disciplina do Currículo, não teve realizado esse sonho expresso no Manifesto do Movimento Literário Caravelas.


MANIFESTO DO MOVIMENTO LITERÁRIO “CARAVELAS”

Um projeto da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette (ACLCL) pela valorização do talento mineiro nas Letras


Numa homenagem às nossas raízes linguísticas, iniciemos com Camões:

“Todo mundo é composto de mudanças,
Tomando sempre novas qualidades.”

Algumas embarcações antigas, quando estavam em alto mar, usavam duas navegações: a primeira, velas ao vento, se estes eram favoráveis ao rumo almejado. Porém, às vezes, a calmaria paralisava as embarcações e era preciso mudar para a segunda navegação, não mais ao sabor das forças naturais, mas ao comando de uma nova força, planejada e consciente, que pegava em remos e passava a conduzir as naus.

Vivemos, em Minas Gerais, um quadro semelhante de desafio. Em alguns lugares, ocorrem verdadeiros renascimentos literários. Verifica-se, entretanto, que são ventos esparsos e inconstantes, embora muitas vezes fortes, que os impulsionam, mas insuficientes para se alcançar a plenitude do desenvolvimento desejado.

Isso acontece, também, no setor educacional. Há livros didáticos excelentes; no estudo da literatura do século XX, todavia, cristalizam-se, entra ano, sai ano, em nomes justamente consagrados, é bem verdade, mas existem lacunas imperdoáveis. Entre os escritores mineiros dos últimos tempos encontramos geralmente, nos livros de estudo, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Murilo Mendes e poucos mais. Onde estão Murilo Rubião, Fernando Sabino, Emílio Moura, Vivaldi Moreira, Djalma Andrade, Adélia Prado, Roberto Drummond e tantos outros de valor incontestável? Além disso, na maioria das vezes, o contato dos estudantes com importantes obras é feito apenas através de textos escolhidos e resumos que, se dão uma visão necessária de conjunto em relação ao panorama literário, não devem ser usados tão amplamente, pois tal comportamento priva o leitor do prazer imensurável que se usufrui no contato mais íntimo com a alma dos
livros. Outra falha a se observar é o quase geral desconhecimento a respeito das principais entidades literárias mineiras e do trabalho que desenvolvem.

Assim, chegamos à conclusão de que se faz mister tomar os remos, usar a segunda navegação neste momento de riqueza literária mas também de inquietude, contradições e rumos pouco definidos para, mais adiante dessas ilhas esparsas, alcançarmos as costas de inteiro e profícuo continente.

Quando os ventos forem favoráveis, deixaremos inflar as velas. Se necessário, como naquelas embarcações antigas, os remos cortarão as águas. É o que pede a hora presente.
Não se trata de um movimento de ruptura com os padrões atuais. Nosso intuito é a convivência harmoniosa de estéticas diversas. Almejamos um ecletismo saudável, um respeito à identidade de cada um ou de cada grupo. Queremos preservar o que está bem, acrescentando-lhe novas idéias, novas atitudes, novos comportamentos. Será nossa modesta contribuição ao somatório de idéias e ações que arquitetam a marcha da civilização através dos tempos. Não se trata de arroubo momentâneo. É reflexão amadurecida. E quais são nossos principais objetivos?

Em primeiro lugar, ampliar o conhecimento da galáxia de Gutenberg, dando ênfase à intimidade com a literatura de nossa região, com a alma mineira tão ampla em suas manifestações e que em si condensa, com brilho, a alma do mundo inteiro. Para tanto, conclamamos as entidades literárias, os órgãos educacionais, as autoridades e os parlamentares de Minas Gerais para que possamos desenvolver estratégias e ações comuns como: analisar criticamente os currículos escolares e os livros didáticos no que diz respeito ao ensino da Literatura, dando sugestões em relação aos currículos dessa disciplina; solicitar dos órgãos próprios a criação da disciplina LITERATURA MINEIRA, ao menos em uma das séries do Ensino Médio; incentivar o estudo mais amplo de textos de autores mineiros e de obras importantes da Literatura Universal; desenvolver maior intercâmbio entre as principais entidades literárias do Estado e delas com as escolas; contatar os autores e editores de livros didáticos de Literatura, procurando sensibilizá-los para os objetivos do Movimento; buscar o apoio das Prefeituras Municipais; reconhecer e fazer emergir novos e autênticos valores literários que estejam no anonimato; acompanhar a marcha do Movimento e promover encontros para planejamentos e avaliações periódicas dos resultados obtidos.
O “MOVIMENTO CARAVELAS” é um sonho, por enquanto. Mas o sonho é um imperativo humano e, como disse Tiradentes, “Sonhos precisam ser realidade”. Com este Manifesto damos hoje o primeiro passo para que isso aconteça, confiando no sucesso. “ALEA JACTA EST!”

Avelina Maria Noronha de Almeida, idealizadora do MOVIMENTO LITERÁRIO “CARAVELAS”, membro fundador da ACLCL

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